sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

The Bruce


- Rio grande, rio bravo:  um épico de Bruce Springsteen -

"(...) Inevitavelmente Springsteen faz lembrar James Dean em Fúria de Viver. Os automóveis, o êxtase de desentupir um carburador ou de rectificar um cilindro; as mulheres com saias em forma de sino no lugar do passageiro com um cotovelo fora da janela; as formas primitivas de estabelecer a virilidade e demonstrar a coragem; a súbita solidão de percorrer centenas de quilómetros de deserto com o rádio ligado (…). Lembro-me, há alguns anos, de ter contado as vezes que surgiam certas palavras-chave nas canções de Springsteen. Claro que já me esqueci, mas era uma coisa exagerada: «noite» «carro» «estrada» «motor» «coração» «corrida» «guiar» «fábrica» e «desastre». (…) The River é um monumento que estará de pé muito depois do desaparecimento de Bruce Springsteen. É graças a ele que o Rock’n’Roll sobrevive. E apetece dizer: Sem ele, de que valeria sobreviver?"

'O Jornal', 24.10.1980

Miguel Esteves Cardoso, Escrítica Pop, ed. Querco, 1982


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

viagem a preto e branco

O caminho para Oswiecim é bonito.
A expectativa indizível. Num quase-medo.
1999. Estamos no 14º dia do inter-rail. É Setembro e daqui a um mês começam as aulas. Se tudo correr bem será o último ano na Faculdade. Como sempre juntamo-nos em Santa Apolónia.
Para trás ficam os pais, irmãos e namoradas. Também já deixámos a Itália, Dubrovnik, Sarajevo (!), Zagreb e Budapeste.
Quando começámos a preparar o trajecto da viagem, desenhada para se enfiar nos Balcãs, serpentear nos países de Leste e longificar nos Bálticos, marcámos logo Auschwitz, o nome alemão da cidade de Oswiecim. A nossa jovem consciência da História mandava que Cracóvia (onde íamos pernoitar) passasse também pelo conhecimento do mal. 
De Cracóvia a Auschwitz é uma hora e quarenta de comboio.
O caminho é bonito. Atravessamos uma paisagem de álamos, pinheiros e campos de bétulas que cercam alguns lagos. Aprendo que "Birkenau" quer dizer floresta de bétulas. As aves migratórias já se dirigem para o Sul e reparo nas minas de carvão.
Escolhi fazer os últimos dois quilómetros que separam a estação e o maior campo de extermínio nazi, trilhando o percurso marcado pelos velhos e enferrujados carris da antiga linha que transportava os prisioneiros rumo a Birkenau. Quis seguir no meio, como os vagões. Procurar o derradeiro sentido. Onde agora nascem ervas e flores.

Há alguns turistas. Sobretudo malta nova. Mas só se ouve o ambiente. O vento que sopra entre as folhas das árvores e os nossos passos.
Toda a gente sabe onde é que vai. A simples aproximação é impossível com ruído.
Ao fim de vinte, trinta minutos: "Arbeit Macht Frei", que ainda sobrevive no portão. Ninguém se prepara para um impacto assim. A esperança defunta de ironia.
Caminhamos um bocado. Olhando para o espaço e para inúmeros barracões em tijolo. Todos metodicamente organizados. Em blocos. E ruas.
Não falamos uns com os outros, mas todos pensamos no mesmo. No insuportável peso deste lugar. Ali a morte ainda respira. Está calor, mas não parece. Vemos a cores, mas cheira a cinza. 
Passado algum tempo, o Alberty e o Renato decidem voltar para Cracóvia. Eu, o João Tiago e o Ordep continuamos.
Precisávamos de mais tempo. Acho que esperávamos que o silêncio falasse.
Não percebíamos. Porque as perguntas, por muito que já se tenha lido e escrito, acabam sempre sem resposta.
Entramos nalguns dos barracões. Reuniram todo o tipo de objectos pessoais que os guardas retiravam logo a quem chegava. Milhares de malas, sapatos, óculos, escovas de dentes, armações dentárias, pentes, o cabelo. O cabelo, meu Deus, com que estofavam colchões. 
Percorremos as listas de prisioneiros. Os retratos. Tantos, tantos não-anónimos. As datas de entrada e do decesso. Tudo meticulosamente registado. Leio alguns nomes. De crianças sobretudo. Cristo ! 
Noutro lado, os gabinetes de Mengele. Frascos de vidro com fetos conservados em formol. Catalogados. Crânios serrados ao meio para experimentação. Catalogados. Explicações sobre o que fazia aos que eram gémeos. Solução final. Zyklon B. Prateleiras e prateleiras.
Saímos para respirar um pouco.
Depois andamos um bocado mais e sentamo-nos não me lembro bem aonde. Temos de parar. 
É quando reparamos numa chaminé. Como de uma fábrica. Entramos noutros barracões. Os fornos crematórios.
Mordemos os lábios. Calamos ainda pior. Não desviamos os olhos. Parece que se lembram.
A película a preto e branco que o Ordep trouxe de Lisboa faz o resto. Peço-lhe a máquina para as mãos e faço uma fotografia.
Leio o que um sobrevivente, Tadeusz Sobolewicz, diz sobre a arbitrariedade da vida no campo. Qualquer um dos que morreram podia ter sobrevivido, assim como ele podia estar entre os que morreram.
A noite começa a cair e decidimos voltar à vida. Apanhamos o comboio de regresso para virmos ter com os outros. Estão à nossa espera num bar qualquer com umas cervejas na mesa. Precisávamos. Acho que nunca tanto.
Não me recordo se alguém pronunciou palavra no caminho de volta.



[foto: andré]

Nunca tinha escrito sobre este dia, e foi difícil. Os 70 anos da libertação do horror têm obviamente a ver com isto.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Goodfellas



O clã foi reunido. 
Não é todos os dias que nos chamam para cortarmos as goelas a umas bichas.
Fazer parte de um gangue de wiseguys dispostos a tudo por um prato de Lampreia requer um pacto de sangue. Com arroz malandrinho.
É claro que conhecia a lenda de raridade em extinção. Cresci numa família que me contava que só de vez em quando a conseguiam apanhar. Uma vez por ano talvez, e durante o segundo mês do calendário. Que ou se ama, ou se odeia. Que há quem tenha pesadelos com esta cobra do rio, que não admitem ver se não for 25 de Dezembro e estiver coberta de fios de ovos.
Mas foi feita a chamada para o ritual. Também já era tempo de perder a minha virgindade e experimentar o sabor quente e avinagrado do peixe negro e esguio, que faz susto quando abre a boca e mostra a língua raspadora. 
A adrenalina mal me deixou dormir. Cheguei 10 minutos antes da hora marcada ao 'Marquês de Palma'. Ocupei o meu lugar numa mesa previamente reservada. Koba, o big boss, tinha feito o telefonema.
Depois de me sentar, fui logo abordado pelo Sr. António. «Os outros vêm ?», perguntou, olhando-me de lado, enquanto limpava as mãos num pano branco da cozinha. Respondi-lhe que não era costume estarem atrasados, tentando em vão disfarçar o nervosismo com uma fina fatia de presunto que enfiei na boca.
«Vamos lá ver se não falham. É que tivemos que ir hoje à lota e pelo meio ainda tivemos que "despachar" uns gajos da ASAE. Andam doidos para ver se encontram os culpados. Isto vai custar-vos caro.»
Já não parava de olhar para o relógio. Tinha trazido a arma comigo e certificava-me que ninguém se aproximava do Chefe.
Foram chegando. Cada um à vez. Primeiro o Milo "crazy tits". De cabelo bem aparado, quis logo saber se eu estava com medo. Depois o Tommy  "alheira". Sentou-se e não disse nada. Limitou-se a afiar a faca que trazia no casaco. Finalmente, Koba "the bad lizard", de barba ligeiramente por fazer, mandou o tacho vir para a mesa. 
Eram horas. Perguntei-lhes se teríamos sempre o prato quente. «Sim. É sinal que foram lavados depois da última.... bem, tu sabes.»
Não havia mais nada a fazer ou comentar. Tinham-se metido com eles e agora era preciso dar uma resposta à altura. Passaram-me a faca para mão e com um golpe certeiro, que tinha treinado semanas a fio num frango de cabidela, enfiei-a bem no peito da safada. 
Pelo jeito com que todos me olharam a seguir, acho que não fiz má figura.Tinha enfrentado o teste derradeiro.
Levantaram-se, serviram-me uma malga de 'Aliança' e bebemos. Fora admitido.
Deliciei-me, é um facto. Até repeti. Não há mal nenhum em gostar do que se faz, pensei.
A siricaia e a aguardente final serviram apenas para acabar o serviço. E mais um whiskey no bar do Tony logo em frente. Estava com problemas com uma cliente de meia idade que não queria largar a novela. E ele queria fechar a televisão.
Mas o principal tinha conseguido. Percebi-o quando o Sr. António se despediu de mim com uma palmadinha na cara e "dê cumprimentos ao seu paizinho!" 
Passava a pertencer à famiglia e já me podiam tratar na rua por Senhor.
Não é só um orgulho. É uma responsabilidade.
O problema destas coisas é que não há volta atrás. Uma vez provado o gosto do sangue, ficamos agarrados. A próxima agora tem de ser à bordalesa.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

se um dia tiver Alzheimer, lembra-te de quem eu era

"Still Alice"

[ilustração: Simon Prades para 'New Yorker']

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Fake Empire



Não é justo e pode não ser bonito. Mas há um dia em que tudo acaba. That's life, segundo Sinatra.
Iniciada por Martin Scorsese, que dirigiu um episódio, e continuada depois por outros realizadores (alguns deles ligados anteriormente ao "Sopranos"), 'Boardwalk Empire' foi quiçá a melhor série que desde há muito rodou nos canais tv.
Terminou e ficámos com aquela sensação de quem acabou de nos tirar um brinquedo.
O elenco era não menos que caviar. Como destacar alguém de entre pesos pesados como Steve Buscemi (Nucky Thompson), Stephen Graham (Al Capone), Vincent Piazza (Lucky Luciano), Kelly Macdonald (a Margaret), Michael Shannon (o agente Van Alden), Shea Whigham (Eli Thompson), ou Michael Kenneth Williams (Chalky White) ? 



Quanto ao tema, o melhor é deixar Nucky Thompson (o verdadeiro) falar:

"We have whisky, wine, women, song and slot machines. I won't deny it and I won't apologize for it.
If the majority of the people didn't want them they wouldn't be profitable and they would not exist. The fact that they do exist proves to me that the people want them."

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Na minha Cara




Não era para ser uma experiência sociológica ou antropológica. Era só mais um jogo. Com o Sporting, sim. Mas mais um jogo.
Se já tínhamos ido ao estrangeiro ver o Benfica, se fomos às Antas (twice e quando eram Antas), se acompanhamos o Benfica em todos os jogos das redondezas (seja em Belém, no Estoril ou em Setúbal), porque não atravessar a rua e ver se há vida do outro lado da Circular?
Não dou dinheiro ao rival ! Excelente razão e sempre fui fiel. Mas se o mano querido tratou de arranjar bilhetes.... e de graça....
Então vamos.
Começamos a ir na véspera. Falamos com os nossos amigos lagartos. Perguntámos pela porta de entrada. Se iam na guerra. Oferecemo-nos para lhes pagar umas cervejas antes do jogo. «Nem penses !, não vou numa de muito amiguinho. Depois, é na boa.», disse-me um, e amigo do coração !
Não percebíamos. Esta espécie de ódio. Tudo bem. Vamos só nós e nós.
Dentro do metro, começamos a ver sportinguistas. Nunca pensei que fossem tantos, comento.
Avisa-me o Calhas: «Mete isso para dentro. Já lá há granel. E estão a queimar cachecóis.» Ok (até porque não vou sozinho). Mas quando entrar no estádio, ponho-o ao pescoço. Não se entra em casa do adversário sem nos apresentarmos.
Saímos do metro e vemos o Sérgio. Quase nos ignora. Quase foge. Depois compreendo: não quer que o vejam connosco. Mando-me para o caralho e eu idem.
A seguir vamos a umas roulottes. Pedimos duas imperiais. «Não temos. Mas venha depois do jogo que nessa altura já temos.» Depois ???!! Estarão à espera que a gente venha a seguir para... sei lá....uma soirée ???! Para tosta de camarão ? Umas roulottes, que só servem bifanas e cerveja, e deixam que ela acabe ? Esqueceram que era derby ? Vêm para uma briga de chumbo com navalhas no bolso ?
Adiante.
Começamos a encontrar malta amiga, o grande Ricardo, d'A Tasquinha do Lagarto, o Afonso, dos jogos de sábado de manhã, outros gajos. 
Entramos no estádio. O barulho é realmente ensurdecedor. Horrível. Parece que entrámos num pavilhão. Apesar do estádio ser feio como a noite, a sua cobertura e a forma como as bancadas foram colocadas, construídas para fecharem sobre o relvado, tornam o ambiente insuportável. Estamos dentro de um ovo. Turco.
E depois, para eles é o jogo do ano. E o jogo do título. Vieram todos.
Mas temos sorte. Estamos mesmo ao lado dos NN Boys. Os nossos índios queridos. O João Tiago diz-me para olhar bem para os nossos "Zé Pequenos". 
Eu olho, mas em quem reparo mesmo é num negro enorme, careca, de óculos escuros e com dois ou três brincos na orelha direita, de fato de treino do Benfica. Viu o jogo todo de pé e está logo na primeira fila e junto ao gradeamento que os separa dos sportinguistas, bem por cima de uma bandeira do Uruguay (de homenagem ao Maxi) que tomba para o fosso de Alvalade. Parece que estoirou do 'Pulp Fiction'. É isso ! É o Marcellus Wallace. Saber que ele está ali dá-me um gozo danado e fico mais tranquilo. Já está alcunhado.
Quinze ou vinte minutos depois de começar, entra mais uma língua de 500 adeptos do Benfica para o meio da bancada onde estamos. Os lagartos estão chocados. Como é que isto pode acontecer ?
A primeira parte é feia, feia. Não jogamos nada. Mas eles também não.
Ao intervalo não saio da minha cadeira. Os outros sim. E continuam a encontrar amigos e conhecidos. Até podiam trocar cartões profissionais. Percebo. Para eles é o jogo do ano. E o jogo do título. Vieram todos.
A segunda parte é quase igual de chata, embora com o Sporting a dominar. Mais cantos e mais bola no pé. O Benfica não consegue segurar uma. Quanto mais trocar !
Mais ou menos a meio da segunda parte, o speaker informa que estão 49.076 adeptos nos estádio. «É o record de Alvalaaaade !» Quando se calam as palmas, os "Zé Pequenos" começam: «Assim se vê a força do S.L.B. !» Que ironia ! Que sublime !
E o jogo continua. Mole que dói.
Aos 87 minutos o Sporting faz o golo. O estádio parece que vem abaixo. Ficam loucos. De ódio. Não é alegria. Espumam de raiva por todos os lados. Gritam e empurram-se à nossa frente como dementes. Fazem gestos com os braços e estão com os olhos fora das órbitas. Parece um Júlio de Matos em ponto maior.
O speaker berra: «Sporting 1, Visitante 0.»
Visitante... Percebo agora melhor a reacção do Sérgio. O processo de estalinização do clube impede-os até de pronunciarem o nome do adversário.
Estão exultantes. Jactantes. E o jogo quase a acabar.
Não vou dizer que acreditei até ao fim. Estava com mau feeling e aos 93 minutos deixámos os nossos lugares. Apenas para ficarmos a ver os últimos segundos mais do alto, já perto de uma das saídas.
E é aí que acontece o grande momento de humor. A tragicomédia. Parecia ópera. 
A bola pinga para a grande área do Sporting numa chouriçada que vem do meio campo, Jonas luta entre os defesas e, no meio daquilo, a bola sobra para Jardel (e logo quem !) que a chuta (talvez o único remate que fizemos no jogo todo) e enfia no fundo das redes. Nessa altura somos nós que saltamos. Aliás, eu só recebo os saltos consecutivos do João Tiago a quem amparo como se fosse seu pai, e enquanto mordia alguns palavrões que me tinham ficado entalados na garganta. 
Este golo, confesso, apanhou-nos sem aviso. Fico parvo. Incrédulo. Dirigimo-nos para fora do estádio. 
É quando saímos que me apercebo de outros benfiquistas, desnorteados como nós. Sem saber para onde ir. Como se experimentássemos pela primeira vez a liberdade. Como se acabássemos de sair de uma prisão ou tivéssemos estado reféns. Reconheço: estamos sem noção.
Quando começo a digerir o que acabou de acontecer, não consigo parar de rir. E lembro-me outra vez do Marcellus Wallace. Do filme. E de como o Jules explica a uns miúdos que se prepara para "despachar" que o Marcellus Wallace «don't like to be fucked by anybody except Mrs. Wallace.»
Ainda hoje, quando me lembro do que se passou no final do jogo, fico com esta cara de Joker com que estou a escrever o post.
Não percebíamos de onde lhes vinha o ódio. Porque é que recusavam uma cerveja antes do jogo. Teríamos percebido melhor se não as quisessem depois.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

sábado, 7 de fevereiro de 2015

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Classe de 1997




'Boogie Nights', de Paul Thomas Anderson

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Велики поздрав за шампиона Novaka

Impressionante.
Djokovic e Murray de novo em redes opostas na final de um Grand Slam.
Ao fim de duas horas e meia e com um infinito 7-6 para cada lado (por favor !), parecia que Murray hoje ia acabar o dia com um copo de whiskey na mão. Até porque o terceiro set começou com 0-2 a favor, quando o ténis é quase só cabeça ou, como alguém já disse, quando se passa metade do tempo a pensar e a outra a jogar. E (que mais podia pedir ?) com o adversário em notórias dificuldades físicas.
É aí que Novak pára. Respira. Faz reset. Algo tinha que mudar. Radicalmente e já.
Tinhoso como sempre, revolta-se e começa a bater a bola como se estivesse enfiado numa trincheira da Primeira Guerra. Carregando e voltando a carregar a carabina, em menos de nada, dá a volta por cima e arruma os cartuchos: 6-3 !
O quarto set foi protocolo. Murray não recupera daquela brusca mudança de humor do sérvio e imola-se num 0-6 final com que Djoko limpa mais um Open da Austrália.