sexta-feira, 29 de julho de 2022

day break

Estádio Universitário de Lisboa

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Jazz Messengers


 Difícil foi só ter trazido 3 discos, ou era a ruína.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Lisboa

 
                                                            
Calçada do Lavra


(...) É uma rapariga / descalça e leve, / um vento súbito e claro / nos cabelos, / algumas rugas finas / a espreitar-lhe os olhos, / a solidão aberta / nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus e degraus até ao rio. (...) 


Eugénio de Andrade, in 'Até Amanhã'

quinta-feira, 21 de julho de 2022

terça-feira, 19 de julho de 2022

Orwell, como o rio


«Desde a Guerra Civil Espanhola, não posso honestamente dizer que fiz grande coisa, a não ser escrever livros, criar galinhas e cultivar legumes. O que vi em Espanha, e o que depois conheci do funcionamento interno dos partidos de esquerda, fez-me ter horror à política.

Para além do meu trabalho como escritor, tenho uma paixão por jardinagem, e em particular por horticultura. Não suporto as grandes cidades, o barulho, os carros, a rádio, a comida em conserva, o aquecimento central e o mobiliário "moderno".»

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Weird Box


 Hoje o JIGG ainda foi melhor.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Jazz no Goethe *



* no Campo de Santana, onde durante dois anos, entre os 15 e os 16, estudava alemão (pouco, confesso).

quinta-feira, 7 de julho de 2022

o seu nome foi Anna


«TENHO MEDO ?

As pessoas dizem-me com frequência que sou pessimista, que não acredito na força do povo russo; que sou obsessiva na minha oposição a Putin e não vejo nada para além disso.
Vejo tudo e esse é o problema. Vejo tanto o que é bom como o que é mau. Vejo que as pessoas gostariam de que a vida mudasse para melhor, mas são incapazes de fazer com que isso aconteça, e que, para ocultar essa verdade, se concentram nos aspectos positivos e fingem que os negativos não existem.
De acordo com a minha maneira de pensar, um cogumelo que cresce sob uma grande folha não pode limitar-se a esperar que não se apercebam dele. Quase de certeza que alguém o vai ver, cortar e devorar. Se nascemos seres humanos, não podemos comportar-nos como cogumelos. 
(...) 
Os jovens continuarão a ser mortos em massa, no Exército. Em guerras e também fora das guerras, todos os que não estão "do nosso lado" serão abatidos a tiro ou mandados apodrecer e morrer nas cadeias. Isso se tudo continuar como é agora. 
(...)
Até agora, não há sinais de mudança. As autoridades do Estado continuam surdas a todos os alertas do povo. Vivem a sua própria vida, com os rostos permanentemente torcidos pela cobiça e pela irritação de alguém poder tentar impedi-los de se tornarem ainda mais ricos. Para impedir essa possibilidade, a sua prioridade é mutilar a sociedade civil. Diariamente, tentam convencer o povo russo de que a sociedade civil e a oposição são financiadas pela CIA, os Britânicos, os Israelitas e, até onde toda a gente sabe, pelos serviços de informações marcianos, mais, é claro, a teia de aranha mundial da al-Qaeda.
Hoje em dia, as nossas autoridades do Estado só estão interessadas em fazer dinheiro. Isso é, literalmente, a única coisa que lhes interessa.
Se alguém pensar que pode encontra conforto na previsão "optimista", que o faça. É certamente a maneira mais fácil, mas é também uma sentença de morte para os nossos netos.»

NB 1: Alguém que, na Rússia, escrevia uma coisa assim, não podia continuar viva. Foi esta a sua "sentença de morte". O seu epitáfio antes do passamento. Anna Politkovskaya escreveu este livro entre 20032005, escassos três anos após a chegada de Putin ao poder. Três anos. O que impressiona, ao longo de todo ele, é percebermos que Anna via mesmo tudo. Via tanto que viu logo tudo. Mas não viu apenas. Escreveu um Diário como depoimento. Para não ser mais um "cogumelo". Foi assassinada a tiro, em 2006, aos 48 anos, no elevador do prédio em que residia em Moscovo. Os mandantes do crime nunca foram descobertos.

NB 2: Recebi este livro em 2008, das mãos de um bom amigo. A capa chamou-me logo a atenção. Lembro-me de ter olhado para ele, novíssimo e por abrir, em cima da mesinha da sala de estar da casa do António, um homem que adorava livros. Comentei-o um pouco, e mostrei-lhe interesse em que mo emprestasse. Mas só depois de que ele o lesse, claro. Qual quê ! Deu-mo imediatamente para as mãos e disse-me: "Leve-o." Recusei inicialmente, com alguma cerimónia, até para que não pensasse que o tinha cobiçado com esse intuito. Que não tinha. Só o queria emprestado. "Não, não. Leve-o. É seu." O António era assim. Gostava de dar. Obrigado, António !

NB 3: Comecei, então, a lê-lo. Queria perceber quem era esta mulher que tanto atemorizava Putin e os seus algozes, e como é que, mesmo tratando-se da Rússia, era possível uma jornalista (e activista dos direitos humanos) ser executada por denunciar aquilo que via, como era seu dever. A coragem, a força e a clareza do que escreveu fizeram-mo perceber facilmente. Mas, após cerca de 50 páginas, parei. A cabeça estava noutro lugar e a urgência foi para outros livros.
Retomei-o há pouco tempo. Onde tinha ficado. Como disse, o que mais impressiona é percebermos que Anna via mesmo tudo. Via tanto que viu logo tudo. E estava certa.

sábado, 2 de julho de 2022