Não sabe em quem votar, porque não quer votar em qualquer dos candidatos. Não depois de Sócrates. Não porque Passos é Passos. Nunca Portas. E já nem a CDU ou o Bloco que nem querem conversa. E como o resto é paisagem, então venha o mal menor e votar afinal Passos ou, pior, Sócrates. E assim vamos, de mal menor em mal menor, num deplorável e degradante exemplo da democracia em que nos tornámos. Do pior que ela pode ser. Em que não se escolhem os melhores da Polis, mas os menos maus. E isso é muito mau.
Então, o que já apetece mesmo é abstenção. Porquê ser cúmplice ?
Só que isso é desistir. É uma enorme desilusão metida num saco de cobardia. É deixar que nos vençam pelo cansaço. É deixar que chamem a esse não-voto o voto de um morto, dos milhares de eleitores que votam depois de mortos.
Pior. É acusar-nos de não querermos saber e isso é só culpa nossa, porque não vamos, porque queremos é Sol e foi tudo para a praia, porque a data isto e aquilo.
E então o não-voto torna-se numa coisa que não é. Porque lhe chamam outros nomes. E nada deixam que se discuta ou questione. Porque é a praia e são os mortos que estão a falar. Imbatível.
O que não retira que Cavaco Silva tenha sido eleito por um (1) reduzido milhão de portugueses. Que só 40% quiseram escolher ? Quem é que ele representa ? Onde é que fica a Democracia depois disto ?
Só o voto em branco pode resgatar o que sobra de Abril. Porque o voto em branco não desiste. Acredita que pode (ainda) mudar. Que pode fazer a diferença. E isto é protesto. Isto é o fight-club. Porque não se acredita na oferta.
Imaginem que 60% dos portugueses voltam a não aparecer no domingo.
Agora imaginem que tinham aparecido e eram votos em branco.
Tinham um destino. Falavam. Ninguém os podia esconder.
Eu vou votar... sempre muito à esquerda... com alguma(pouca) esperança!
ResponderEliminar