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Tinha uns 12 anos quando o meu pai me levou ao Ávila para ver a reposição de "Once Upon a Time in the West".Com argumento de Bertolucci e realizado por Sergio Leone, o filme conta o regresso de "Harmonica Man" (Charles Bronson) à cidade onde vive o homem que matou o seu irmão mais velho, Frank (Henry Fonda), espécie de Capo que todos temem. O "Harmonica Man" veio vingar-se.
Alheia a (quase) tudo isto, surge a lindíssima Claudia Cardinale, verdadeiro anjo desta história, que na sua infeliz amargura de jovem mulher-viúva nos explica porque a banda sonora do filme é tão triste. E que só podia pertencer a Ennio Morricone.
O requinte do duelo final (que aguardamos todo o filme) entre o feio e enigmático Charles Bronson e o elegantíssimo "blue eyed" Fonda está nas razões daquele regresso. Que não se fazem de palavras.
Só neste encontro é que ficamos a saber quem era o "Harmonica Man" e porque aparecia agora.
Frank tinha sacrificado o miúdo que era "Harmonica".
Numa mais que dramática e cruel tortura, tinha instalado sobre os seus fracos ombros de rapaz o peso do próprio irmão. Este, com o pescoço no fim da corda, espera apenas que os joelhos do jovem Harmonica não aguentem mais aquela dor infinita e desabem levando-lhe a vida. Tudo debaixo do sol escaldante do deserto do Arizona.
Harmonica nunca abre a boca. Depois do tiro fatal, Frank pergunta-lhe quem é. Harmonica responde colocando a harmónica, que traz sempre ao peito, nos dentes do moribundo, como antes Frank lhe fizera. Com o simples desfalecer dos olhos, Frank diz-nos que percebe.
Quando a tudo isto alguém combina a música dos Arcade Fire, o estranho e improvável resultado de um tema novo é este:
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