sexta-feira, 30 de novembro de 2012

"Para que serve o futebol ?", por Carlos Daniel

«Jogar bem é ganhar, que futebol é bola na rede, dizem uns pragmáticos infectados pelo "bacilo da eficácia", como lhe chamou Valdano. No ano em que este foi campeão do mundo pela mão de Maradona, morreu um argentino imortal, Jorge Luís Borges, que assim respondeu a quem lhe perguntou para que serve a poesia: "Para que serve um amanhecer? Para que servem as carícias? Para que serve o cheiro do café?" Prazer. Emoção. Vida. O futebol também se conjuga noutro infinitivo que não ganhar: é preciso gostar.

Há equipas que ganharam e não me levam a rever um único jogo, como os soporíferos Grécia de 2004 ou Chelsea campeão da Europa em título, enquanto não me canso de esgravatar na gaveta dos dvd"s o talento derrotado da Holanda de 74 ou do Brasil de 82. E ainda gosto, ou não gosto, de voltar ver Portugal perder com a França em 84 ou em 2000. É de emoções que falo, num jogo de encantos que só se revelam totalmente se o adversário entra na dança. "Defrontar um rival que não se interessa por atacar? É como fazer amor com uma árvore", Valdano de novo.»

No DN.

É isto. Mas também a tragédia.
Por isso é que ficarei eternamente agradecido ao Zidane pela cabeçada que deu ao Materazzi na final do campeonato do mundo de 2006, uma das mais chatas da História do futebol.




[Centro George Pompidou, Paris]

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