[andrey dubinin]
sábado, 4 de janeiro de 2014
Um dia vou falar-te de tudo o que me escreveste
Existíamos sem que existíssemos. Quilómetros de pensamentos ligados sem fios. A tecnologia de todos os versos roubados, e de milhares de imagens e palavras sacadas às canções, filmes ou às páginas de alguém que as escreveu antes, mas só por sorte. Achava mesmo que eram para mim. Do que inventaste e me contaste e do que não vimos em diálogo secreto e mudo. Num quarto escuro, sim, mas não era ? Parecia mesmo. Estava cheio de avisos e recados em silêncio que não é para ti. Literatura e um beijo. Mas o espelho era grande e via bem. Mas o espelho inverte a imagem e agora já nem sei. Desse bendito momento maldito que apareceu tardio e longe de tudo, nascido fora de horas e que era possível, como lapa no meu coração. Eu, sem colete anti-balas. Às vezes queria acreditar que era perfeito e para sempre, que era para mim e eu para ti. E que só a coragem é que não tinhas para dizê-lo mais do que baixinho. É incrível a nossa capacidade de acreditar no que sonhamos. Podemos enlouquecer. Ou acordar a meio da noite. Disseste que me amavas, e não foi só em sonhos. Eu era tua e tu eras meu. Era comigo, seríamos tudo e seria belo. Só que tu eras demasiado honesto para dizeres a verdade.
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