sexta-feira, 20 de junho de 2014

regresso ao passado em Sarajevo


«In "The Fixer and Other Stories", cartoonist and journalist Joe Sacco recounts his experiences at the end of the brutal Bosnian War. In the lead story, Sacco introduces Neven, a charismatic man who makes a shady living for cash, cigarrettes, food or alcohol by leading reporters through Bosnia's war-torn landscape. Sacco crossed paths with disparate figures from the Balkan conflict, from Rodovan Karadzic, the notorious war criminal, to Soba, a young Sarajevan struggling to recover from the trauma of war and renew his creative ambitions.»


Fui a Sarajevo em Setembro de 99 com mais quatro amigos num inter-rail. 15 anos... parece mentira.
Para chegar a Sarajevo, vindos de Dubrovnik, foi porém preciso apanhar uma camioneta, porque os comboios tinham deixado de existir. Pagámos 25 marcos porque já não tínhamos kunas e seguimos.
Pelo caminho, tanques da SFOR patrulhando a zona, cemitérios e o estuque das casas recheado do calibre das balas. Acompanhados sempre pelo percurso sinuoso do rio Neretva, enfim Sarajevo.
A antiga estação de comboios lá estava, estilhaçada e abandonada, pendurando ainda o painel teimoso das últimas partidas e chegadas. 
Apanhámos então um ruidoso eléctrico até ao pequeno centro, único reduto que sobreviveu às armas sérvias.
Jipes das Nações Unidas e mais prédios esventrados completavam as ruas. Gente fantasma que se recusa a falar da guerra. O muro defensivo que construíram impede-os para não se desfazerem em raiva ou comoção. 
Nem me lembro bem do que comemos, porque a última imagem que me ficou foi a do contraste entre a antiga sede do parlamento, ainda de pé, mas desoladoramente arruinada, com a marca profunda do morteiro que a matou, bem no meio do peito, e o "Holiday Inn", amarelo berrante, impecável por fora, a provocar a velha e derrotada Assembleia. Na altura, a violência da cena impressionou-me.
Contudo, como que compensando tudo isto, a beleza do baixar do sol por detrás das verdes colinas que cercam Sarajevo, deu-me logo esperança em ver os Balcãs ressuscitarem.
Eram 6 e 45 da manhã quando depois chegámos a Zagreb.


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