domingo, 24 de agosto de 2014
This Charming Man
Era um regalo assistir a Paul Gasgoigne dentro de campo.
E, no entanto, só me lembro dele no Itália 90, nalguns jogos internacionais, com a Lazio, e, claro, no Europeu de 96 em Inglaterra, onde executou um dos golos mais celebrados da competição: o golo contra a Escócia.
Esta lenda dos anos 80 e 90, não tinha só uma técnica e habilidade invejaveis, normalmente ausentes do típico jogador bife. Não tinha só um talento incomum que mostrava jogo após jogo na forma com que tratava a redondinha.
Era uma personalidade. Divertia-se até ao fim. Como quando mostrou o cartão amarelo ao árbitro que o tinha deixado cair, só para este lho exibir logo de seguida.
Para ele um jogo não era só um jogo. Era uma inspiração. Uma partida de poker, um jogo de snooker, um espectáculo de prestidigitação.
Gazza tinha um dom. E nunca saía de campo sem que tivesse tido oportunidade de provocar uma, duas, três vezes a equipa contrária. Com fintas, golos ou mostrando-lhe bem a língua ou os dentes.
Era excessivo. Gostava de festas e demasiado de álcool.
E como acontece a muitos que vivem da vertigem, "who never knew his place". Quando perdeu a "casa", os domingos a levantar os estádios, virou-se para as outras drogas. O álcool levou-o à ruína e, ao que dizem, aos problemas mentais e com a família. Com 47 anos está irreconhecível. Um destroço. Um sem abrigo.
Hoje é capa de jornais por ter sido encontrado na rua e, mais uma vez, levado para o hospital. Qualquer dia - e não faltará muito - a notícia será outra.
Mas em St. James Park ou em White Hart Lane ainda há quem jure que se escutam os Smiths a cantar 'This Charming Man' sempre que se fala deste fantástico número 8.
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