terça-feira, 12 de novembro de 2024
Chiquinho
«Amadeo, filho do quitandeiro, não tirava a boina da cabeça e tinha a pele de uma cor amarelo-esverdeada. Acho que não ia à escola, pois estava sempre por ali ajudando os pais na quitanda da esquina. Era mais ou menos do meu tamanho, e com ele eu havia aprendido as primeiras palavras em italiano: calcio, pallone, fuorigioco, và a fancullo, coisa de futebol. Domingo de manhã cedo, todos menos meu pai íamos à missa na igreja do bairro, onde eu tinha sempre novos pecados a confessar para um padre impaciente. Mamãe e os mais velhos fazíamos jejum para a comunhão, e nem bem voltávamos para o café, o Amadeo me chamava da rua: Braziliano ! Eu saía com a bola de couro e jogávamos gol a gol na rua o domingo inteiro, só interrompidos pelo seu pai, que o chamava a toda a hora para ajudar no serviço; a quitanda só fechava às segundas, e creio que era lá nos fundos que os quitandeiros moravam.»
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