Et par le pouvoir d’un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer
Liberté.
Paul Eluard
Et par le pouvoir d’un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer
Liberté.
Paul Eluard
Este homem, nos seus cinquentas e de barba completamente branca, tinha-se-nos apresentado na "Paragraphe", ao ouvir-nos falar em português. Reconhecera a língua de a escutar no bairro onde crescera.
Andreas Kessaris, filho de emigrantes gregos, veio mesmo ter connosco. Para se certificar que éramos, de facto, portugueses. A conversa foi correndo com a naturalidade de quem adora falar com pessoas de fora. Perguntei-lhe coisas dele e ele coisas nossas. Depois, por alguns livros e se me recomendava alguma coisa sobre a cidade e ele trouxe-me um, que ele escrevera. Afinal, não trabalhava apenas na livraria, como até já tinha um livro publicado de um dos bairros da cidade. Pequenas histórias dele próprio nesse bairro.
Depois quisemos falar com os outros empregados. O luso-italiano que estava ao balcão, cuja mãe era de São Miguel, mas que nunca foi a Portugal. E a rapariga filha de chineses. O Canadá é um melting pot. E o meeting point é esta livraria. Disse-me que gostava de Pessoa. E eu perguntei-lhe se conhecia Mário de Sá Carneiro. E depois o 'Fim'. E depois os 'Resistência'. Escrevi tudo num papel para ela ver no google e no youtube.
It was me meeting them.
(...)
O ar da manhã era estimulante. O chão estava molhado pelo orvalho da noite. Antes de entrar no automóvel, ergui os olhos para a casa onde vivera um ano. Os primeiros raios do sol chocavam contra as suas janelas. Alguns momentos depois, a Rua de Aribau e Barcelona inteira ficavam para trás.»
"Quando tinha 16 ou 17 anos, um tipo da turma comprava o jornal e os outros todos liam."
Isto é mesmo verdade.
Não era a escolha óbvia para ponta de lança da selecção italiana no mundial de 1990, em Itália. Tinha à sua frente Vialli e Mancini, a grande dupla da Sampdoria, Andrea Carnavale, campeão de Itália pelo Nápoles, e ainda Aldo Serena (Inter), tudo grandes nomes italianos daquele ano. E depois ainda havia (houve) Baggio.... il divino codino...
Mas a bola não entrava e, por isso... entrou ele. E começou a resolver partidas. Com golos decisivos. Até se tornar o melhor marcador do campeonato e levar a Itália às meias-finais. Tinha 13 anos e lembro-me muito bem. Entrava e resolvia. E com uma alegria cénica transbordante. Como se nem ele acreditasse. Como se toda a sua vida estivesse a começar naqueles golos. Numa peça de teatro escrita de improviso.
Depois, a luz foi-se apagando e, com ela, os golos, até cair numa espécie de anonimato, como um cometa que se esfuma ou uma personagem mítica e lendária das histórias fantásticas.
Acontece muito no futebol quando uma estrela se extingue. A imprensa deixou de falar dele, as televisões mudaram de direcção e nunca mais o vi marcar um golo. Mas naquele verão, Totò Schillaci foi o herói de todos nós.
... ouviu-se o hino em Paris.
"É preciso perceber que apuraram-se para Paris 2024 73 atletas portugueses, e cada um deles é um milagre", alguém disse, e com muita razão.
Mas se cada atleta olímpico é um milagre, cada medalha obtida é um verdadeiro enigma.
Uma conquista rara e muito mais cara de conseguir com as cores nacionais do que noutras latitudes.
Parabéns à Patrícia, ao Pedro Pablo, ao Iúri e ao Oliveira. E aos triatletas, aos canoístas, e a todos os que chegaram a Paris e conseguiram contrariar as dificuldades e vencer os obstáculos diarios que enfrentam por uma carolice....
Acompanhei apaixonadamente o processo de impeachment de Collor e as descobertas diárias da rede de corrupção no seu governo. Quando, nos estertores finais, ele pediu ao povo que o apoiasse vestindo verde e amarelo no domingo, 16 de agosto, comprei a passagem. De manhã, todo de preto, saí para o calçadão de Ipanema e me integrei a um mar rumoroso de gente vestida de preto da cabeça aos pés, carregando bandeiras pretas e cartazes e gritando pela saída de Collor. Até os cachorros estavam de preto naquele dia luminoso. À noite embarquei para Nova York. Para começar tudo de novo.»