coming back

"C’è ancora domani", de Paola Cortellesi

Belo. Belíssimo, este filme. Com todas aquelas gramas que nos fazem ir ao cinema.
E surpreendente. Como o cinema devia ser sempre. 

conhecer cinema japonês através de QT

Antes de "Kill Bill", volumes I e II, houve "Lady Snowblood".

- Pai, a guerra é mesmo uma grande estupidez !

Aconselhado aos alunos de História do 9º ano e lição que os pais não devem perder. 

Versão restaurada a cores e integralmente composta de imagens reais e relatos dos sobreviventes. De ambos os lados.

Coreia de...

 

«(...) foi na Coreia que a Guerra Fria teve início, um conflito de uma natureza distinta, o qual permitiu às superpotências do planeta confrontarem-se sem se combaterem directamente. Depois da Segunda Guerra Mundial, era disso o que precisavam os Estados Unidos da América e a União Soviética. Desde a sua vitória conjunta, a cooperação que lhes permitira vencer a Alemanha nazi e o Japão imperialista transformou-se numa corrida pela hegemonia. Agosto de 1945 marcara o domínio do átomo, assegurando uma vantagem para Washington e o campo do liberalismo. Mas rapidamente o bloco soviético cobriu essa diferença, quando Moscovo adquiriu as suas armas nucleares em Agosto de 1949 e, em Outubro, Mao Zhedong converteu a China ao comunismo.

(...)

A Guerra da Coreia foi principalmente um massacre horroroso que causou quase 3 milhões de vítimas (...) cerca de 10% da população coreana. A esses massacres devem ser acrescentados todos aqueles que, durante a guerra e nos anos seguintes, foram levados pela fome, pela doença e o desespero. Quando finalmente se assinou o armistício, a península estava reduzida totalmente a ruínas. Seul, que havia sido tomada quatro vezes, estava destruída em dois terços. Pyongyang foi praticamente apagada do mapa. Bombardeada implacavelmente durante dois anos, a fronteira entre as Coreias não era mais do que uma zona morta.»

Pascal Dayez-Burgeon

"LIVRE"

 João Abel Manta no Palácio Anjos, Algés. 

Serviço Público

 

O último legado de António-Pedro Vasconcelos. 
Na RTP.

Paul Auster (1947 - 2024)

rua do trabalhador

Lisboa é assim. Quando menos esperamos, estamos no sítio certo. Ao Calvário. 

Um Senhor

«Como de costume, o campeonato disputou-se entre nós e o Porto. Quando nos defrontámos na segunda volta, perto do final da época, liderávamos com um ponto à maior. Quem vencesses o encontro seria certamente campeão.

Quando chegámos ao estádio do Porto, hora e meia antes do jogo, havia tanta gente na rua que o autocarro ficou parado. Uma pedra foi atirada contra uma das janelas que felizmente não se partiu. Os jogadores atiraram-se para o chão e fecharam as cortinas, mas toda a gente sabia que a equipa do Benfica ia lá dentro. Embora parecesse que havia cada vez mais gente, não houve outro remédio senão sair do autocarro, apanhar os nossos sacos e ir a pé até aos balneários. E assim fizemos, rodeados por adeptos do Porto aos gritos. Foi um episódio tenso e assustador.

Quando chegámos à cabina, estava fechada. Pedi aos seguranças que abrissem a porta, mas ignoraram-me por completo. Pinto da Costa, o presidente do Porto e o homem mais poderoso do futebol português, apareceu avisando que, segundo os regulamentos, só eram obrigados a abrir os balneários uma hora antes do jogo. 

"Respeito-o muito Sr. Eriksson", disse-me, "mas guerra é guerra." 

Quando abriram a cabina, descobrimos que tinha sido pulverizada com qualquer espécie de químico que não nos deixava respirar. Os nossos jogadores tiveram de se equipar nos corredores. Perguntei a um dirigente do Porto se, pelo menos, iríamos ter acesso ao relvado, mas as ordens de Costa eram para que a equipa visitante só subisse ao campo meia hora antes do apito inicial e não antes. No momento de pisar a relva, percebemos que estava tão encharcada que mal era possível fazer um passe, e as linhas tinham sido redesenhadas para fazer com que a superfície ficasse mais pequena. O nosso banco de suplentes foi colocado quase junto da grande área e fizeram questão de se assegurarem de que não se moveria.

Sem surpresa, o jogo tornou-se hostil e houve muitos cartões amarelos, mas nada de golos. Aos 80 minutos fiz entrar o ponta de lança César Brito e, um minuto depois, fez golo. Quatro minutos mais tarde fez o segundo. Pouco depois, o árbitro apitou e nós ganhámos 2-0. Enraivecidos, os adeptos do Porto iniciaram um tumulto que se prolongou pela noite dentro. Mas, no Benfica, Brito, um jogador periférico do qual nunca mais ouvi falar, tinha inscrito o seu nome nos livros da História. Nesse dia, ele foi rei. O Benfica conquistava o seu 29º título de campeão, o meu terceiro com o clube, e qualificara-se para a Taça dos Campeões.»

What He Wrote, de Laura Marling

 

Sempre

foto: Matilde 

lx. factory

Ver devagar

"Íamos beber um copo, encontrávamos malta e no outro dia nascia uma banda."

Tó Trips

Netclick

 

Boa Educação

«Sempre sonhei escrever um romance mau. Inicialmente, ainda rapazinho, a minha aspiração era ser escritor, escrever um grande romance. Com o tempo, a realidade foi-me demonstrando que o que escrevia acabava transformado em pequenos filmes, primeiro em super 8, mais tarde em longas-metragens que se estreavam nos cinemas e tinham sucesso. Percebi que aqueles textos não eram histórias literárias, mas guiões cinematográficos.

À primeira vista, parece que o autor de um bom guião é capaz de (e está destinado a) escrever um bom romance. Pensei que era uma questão de tempo, de amadurecimento, de aquisição de experiências, de possuir algum talento, de um olhar próprio e de mundo, mas, apesar de me julgar possuidor de tudo isso, intuí que estava a enganar-me. Escrever um bom guião não é fácil, exige tempo, horas de solidão (e astúcia narrativa) e ser-se um pouco cruel consigo próprio; mas nada disso faz com que um bom guião possa tornar-se um bom romance. Ninguém é tonto a ponto de pensar que, por escrever um bom guião, está destinado a escrever um bom romance, muito menos o grande romance. No entanto, é uma aspiração legítima e humana da qual temos de nos defender, e para isso é necessário não nos apaixonarmos pela nossa própria obra.»

99 mil 999 kms

Calçada da Tapada

Tão pequenina que ela era...

Está de parabéns. Já é uma Senhora.

Trip Hop Corporation

the naked ape

Desmond Morris explica. 

In 'Expresso' (revista), 12.04.2024.

Cinecitá

"Una Questione Privata", não grande coisa, não grande história, mas uma Cinemateca sexta à noite consegue compensar.

Sven-Göran Eriksson

Ganhámos ao Marselha, mas o resultado hoje era completamente secundário. Bem, completamente também não..... A verdade é que o momento mais bonito do jogo foi assistir ao regresso do velho Mister à Luz. O primeiro treinador do Benfica de que me lembro. Ele, grato. Nós, mais ainda. Poder ver o respeito (e o carinho) dos seus antigos jogadores, em guarda de honra, e escutar o aplauso contínuo e a memória do público, não tem preço. Quando as 50 mil almas no estádio gritaram em coro "Eriksson, Eriksson, Eriksson !" já estávamos muito para além da homenagem a um homem. É único e comovente. E muito merecido.

Family Business

O Irishman, finalmente em casa.

Once upon a time in Tarantino

um Homem não é de ferro

Depois do estouro da televisão antiga, e dos filhos a implorarem, há que reconhecer: cedi, a Netflix chegou a esta casa.

Sob o signo da Liberdade

 «Ser corajoso é dizer a verdade.»

«Aqueles que fogem da liberdade 

continuam a viver,

mas as suas almas morrem de medo.

Aqueles que anseiam por liberdade morrem,

mas as suas almas vivem

na resistência.»

Ante-estreia

MAC/CCB

5 em 1

 

Nunca é tarde para agradecer. Neste caso, a mim próprio.

Pacheco (1966 - 2024)

tentar dizer o que não se consegue dizer

(Atlântida Cine - Carcavelos)

a primogénita faz 18 anos

Maputo 2023 / foto by Joana 

Que coisa linda !

Tarantinema

«My young parents went to a lot of movies around this time, and usually brought me along. I'm sure they could have found somebody to pawn me off on (my Grandmother Dorothy was usually game), but instead they allowed me to tag along. But part of the reason I was allowed to tag along was because I knew how to keep my mouth shut. 

During the daytime I was allowed to be a normal (annoying) kid. Ask dumb questions, be childish, be selfish, you know, like most children. But if they took me out at night, to a nice restaurant, or a bar (which sometimes did because Curt was a piano bar musician), or a nightclub (which they also did from time to time), or the movies, or even a double date with another couple, I knew this was adult time. If I wanted to be allowed to hang around during adult time, my little ass better be fucking cool. Which basically meant don't ask dumb questions, don't think the evening's about you (it's not). The adults are there to talk to each other and laugh and joke. It was my job to shut up and let them, without constant childish interruption. I knew no one truly cared (unless it was cute) about any observation. I had about the movie we saw, or the evening itself. It's not like if I broke these rules I was treated hashly. But I was encouraged to act mature and well behaved. Because if I acted like a childish pain in the ass, I'd be left at home with a babysitter, while they went out and had a good time. I didn't want to stay at home ! I wanted to go out with them ! I wanted do be part of adult time.

(...) It was in my best interest to keep my mouth shut and my eyes and ears open.
This is what adults did when they weren't around children.
This is how adults socialized.
This is what they talked about when they were with each other.
This is the shit they liked to do.
This is the shit they found funny.

(...) When they took me to the movies, it was my job to sit and watch the movie, wether I liked it or not.

Yes, some of those adult movies were fucking amazing ! MASH, The Dollar's Trilogy, Where Eagles Dare, The Godfather, Dirty Harry, The French Connection, The Owl and the Pussycat, and Bullit. And some, to an eight - or nine-year old, were fucking boring. (...) But I knew, while they were watching the movie, no one cared wether or not I was having a good time.»

(...) Well, I decided. I wanted to go out with them.
And the first rule, don't be a pain in the ass.
The second rule, during the movie, don't ask stupid questions.»

Soju Pocha

 rua da Rosa

Pietra (1954 - 2024)

 

Uma vida dedicada ao Clube. Duas mãos cheias de troféus e o carácter que nos ensinou de que cepa eram feitos os jogadores do Benfica nos anos 80. 

.... e que falta nos faz um grande lateral. 

Da Travessa, com acidez e afecto

O "tomo" 2 desta dupla. 

Imperdível.

António-Pedro Vasconcelos (1939 - 2024)

 

foto: João Lima

Les gens qui doutent

 

Formação Contínua

Bom Filho do Vento

Manel Cruz no CCB é de amiga.

Apareceu cru. Como no Tivoli, pré-pandemia. Solo. Mas diferente. Sala fria. Grande e fria. O que não é fácil. E pós-pandemia. Diferente. Mas só e aí o mesmo embora diferente. Só. Com uma guitarra acústica, um cavaquinho e uma viola-baixo que foi dedilhando. Desenhos, dizia. As cordas e a voz dele. Despindo-se aos poucos. Da "Vida Nova" ao "Foge Foge Bandido" e ao 'Devagar', dos Ornatos. Até ficar de tronco nu.

Gostamos deste gajo. Como de um amigo que se gosta sempre de visitar ou receber em casa. 

E a primogénita a amar isso tudo.

Parabéns, meu menino !

- Pai, porque é que continuas a comprar discos ?

 - Porque quero.

- Pai, porque é que continuas a comprar discos ?

 ... se a música hoje é grátis ?

- Porque gosto.

'Uma Herança', de Miguel Bonnefoy

 

«O guarda teve uma explosão de cólera:

- Vai-se já ver se não sabes cantar, comunista de merda.

Abriu a porta, toda a gente se pôs de pé. O guarda agarrou Ilario Da pelo braço. Puxava-o para o corredor quando se ouviu da cela uma voz que subia. Era um tango. Era o Volver de Carlos Gardel. Aquela voz solitária era de Carmelo Divino Rojas que, apesar da fraqueza do seu estado, tinha aproximado a cara das grades para que o seu canto inundasse as celas. Outras vozes se juntaram à sua e a Villa Grimaldi, pelo espaço de um instante, mergulhou num recolhimento profundo para escutar aquela música, e pareceu a Ilario Da que não os tinham ainda completamente matado, que eram capazes ainda de elevar por cima das paredes, por cima dos arames farpados, por cima das ligaduras, o mesmo sonho que fala de um regresso e de uma testa envelhecida. Ilario Da endireitou-se quando lhe chegou, no meio da barulheira, no brusco grito de uma outra rixa, uma outra voz, a de um velho que era levado. Um guarda insistia em conhecer o esconderijo do filho dele, mas ele resistia, negava tudo. Caíram-lhe em cima vários polícias com as suas matracas. Toda a gente percebeu que era o pai de Julián, alto dirigente do MIR, procurado em todo o país desde o 11 de Setembro. Ao cabo de uma meia hora o velho foi atirado para a cabana e fecharam o cadeado com violência. Tranquilamente, sentou-se na cadeira mais próxima da porta.

- De qualquer maneira - disse ele -, não tinha previsto sair hoje.»

Tomatada

"Y ser flamenco es cosa: es tener otra carne alma, pasiones, piel, instintos y deseos; (...) la música en los nervios, fiereza independiente, alegría con lágrimas, y la pena, la vida y el amor ensombreciendo". 

Tomás Borrás

tirado daqui

... e, já perto do final, ainda nos deu 'Oblivion'. 

Artur Jorge (1946 - 2024)

Grande ponta de lança. Mais de 100 golos. Duas vezes bola de prata. Lenda d'Os Invencíveis", de Jimmy Hagan. Homem de classe. Homem culto e das letras. Diferente. (Sobre a sua passagem no Benfica como treinador, prefiro não falar.)

The Holdovers

 

Menino de Ouro

 

Duas medalhas noutras tantas finais ? Este miúdo é um caso sério. 

Alexei Navalny (1976 - 2024)

In-Yun

What if you met someone else "who read all the same books you had and watched all the same movies ?"

O Cais da Europa

 

Alcântara (à Rocha de Conde de Óbidos)

Roger Kahan by Vhils

A história toda está aqui contada. E bem contada !

Canta-me histórias

 Tim no São Jorge 

nascer outra vez

Que maravilha. 
Encontrar no fundo de uma gaveta 3 discos que tinha como perdidos.
Já ganhei o dia.

"Neko", o gato japonês

Um retrato de Portugal

 na Cordoaria

tudo em todo o lado ao mesmo tempo

Quase com um ano mas chegado em boa hora. 
Uma metáfora completa inesperada e surpreendente de uma empresária-mãe-mulher-mãe-empresária.

Folhas Caídas, de Aki Kaurismäki

Sininho

 

rua do Cruzeiro, Ajuda