Rafael Nadal é impossível.
O índio da terra batida voltou a ganhar o torneio de Roland Garros. Apenas o segundo jogador na história do ténis que o venceu por cinco vezes na sua carreira. A seguir ao mítico Bjorn Börg.
Explosivo este jogador, que não perdoa. Disputa todas as bolas, luta por todas as bolas, come (quase) todas as bolas e, durante uma partida, nunca dá uma bola por perdida até o ser finalmente declarada pelo árbitro, depois de discutida um pouco mais.
Hoje viu-se um Rafa impressionante. Desde o princípio se sabia que não daria hipóteses a Soderling que cometeu erros atrás de erros. Alguns forçados, outros não, mas erros que Nadal não perdoa.
Nadal precisou apenas dos três sets iniciais para dizer quem manda em Roland Garros, torneio que Soderling tinha vencido na época passada, tendo eliminado pelo caminho o mesmíssimo Rafael.
Ninguém fica indiferente a este jogador. Uma fera de dentes afiados e estilo pouco ortodoxo, fita verde fluorescente na cabeça, calções compridos, camisa muitas vezes com manga de “basket”, a antítese do clássico jogador que é, por exemplo, Federer, um cavalheiro suiço que perde com a mesma elegância com que ganha. E depois acerta o relógio.
Quando aos 11 anos comecei a jogar ténis, o meu professor insistia para que jogasse “com estilo”, tinha de saber bater as bolas em profundidade, fazer um pass-in-shot puxando a raquete atrás, as cruzadas tinham que ser elegantes, os amorties suaves, o serviço como se cortasse uma laranja, a esquerda tão boa como a direita. Mas como sempre tive a mania de contestar à primeira o que me diziam, procurava fotografias dos "Prós" em revistas da especialidade a jogarem com o “pulso” (proibitivo e sem estilo) e depois lá as levava todo contente ao professor para ganhar na discussão. E ele respondia que eu tinha era que pôr os olhos no Stefan Edberg ou no Boris Becker que faziam apenas uma “bola de recurso” por jogo. E eu calava-me e tentava aprender o que via.
Rafael Nadal é um índio. Parece que só sabe jogar assim, com o pulso. Um pulso violentíssimo, como se desse machadadas brutais nas bolas amarelas do jogo. Parece tudo menos bonito. Mas, no final, acabamos por nos render também a esse estilo de jogo que é de rebentar com todas as formalidades do ténis.
Com 24 anos este índio dos courts já ganhou mais do que muitos antes dele, mas tem ainda uma longa carreira pela frente. E vai continuar a saborear vitórias, porque quer bater todos os recordes da modalidade. Não lhe chega ser segundo em Roland Garros. Quer ser o primeiro. Em todos os pisos e torneios.
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