O 5º ano da Faculdade foi o melhor ano. É o que digo quando me perguntam.
Tinhamos acabado de regressar com a rapaziada de mais um inter-rail que cercou o continente. E se há um com que se deve terminar uma aventura era este, mesmo que houvesse promessas de um dia voltar ou, depois, ainda tivesse ido de comboio com uma namorada por uma europa mais Europa.
Um mês inteirinho e chupadinho. Como um albergue espanhol do princípio ao fim de entra e sai tudo. De Croácia e dos dias que começavam cedo nos bares de Dubrovnik.
De Sarajevo e da "sarajevsko pivo" e uma viagem tenebrosa de autocarro até Zagreb que não foi traição, apenas a única maneira, que os comboios estavam desactivados. O Leste, os muros de Auschwitz e o rolo a preto e branco que quase chorava, os países do Norte, Tallin do outro lado do mar, e Amesterdão claro que Amesterdão, até Paris, sem dormir, que não havia tempo para isso, pendurados nos suportes que são para as malas a ouvir sabe-se lá que música em sabe-se lá que mundo.
Tínhamos acabado de regressar do melhor inter-rail daquelas vidas e era preciso acabar o que se tinha começado: o curso, já na posição de seniores que não tinham tempo para mais aulas, nem se assustavam com a ameaça dos exames finais. Preciso aproveitar o fim. O fim. Que nos fugia como areia por entre os dedos. E, portanto, ir para o Bairro. E, portanto, uma viagem ao Rio de Janeiro, outra a Marrocos (contada aqui há tempos), a seguir ao exame de Processo Penal com os códigos no banco de trás, e piões da velha 505 a chiar no parque da Católica. E muito mais do que isso.
Sacudirmos do corpo as aulas teóricas para ir para os pontões da Caparica apanhar umas ondas, umas vezes no meu Nissan que era o vosso "mata-esquilos", outras no Fiat Uno cinzento que acabou espatifado e de patas para o ar.
E chorar as nossas mágoas só porque uma miúda já não quer nada connosco, enquanto o bico das pranchas tocava leve na cama do mar. Gostar para sempre desse som.
Nessa altura, brothers, mesmo com o mar gelado, era quase sempre esta a banda-sonora que nos levava para lá.
Foda-se, estou certo ou errado ?
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