“É isto que torna essencial o direito a ofender. É esta a razão
por que o direito a ofender foi essencial ao progresso humano e ao
desenvolvimento da nossa cultura e sociedade ao longo da História moderna. O direito
a ofender é, na verdade, a vanguarda, o coração, da liberdade de expressão e de
imprensa. Que sentido teriam, afinal, essas liberdades se só fossemos livres de
dizer o que as outras pessoas gostassem ? Tratar-se-ia sequer de um direito, se
nos fosse sonegado no momento em que escolhêssemos exercê-lo para dizer coisas
que os outros consideram erradas ? (…)
Em nome da protecção das pessoas contra palavras e imagens
ofensivas e alegadamente prejudiciais, assistimos a ataques à liberdade de
imprensa que talvez nem os políticos reaccionários do passado ousariam. Não é
só uma questão de as pessoas se dizerem a favor da liberdade de expressão em
teoria e na prática a fragilizarem. Diz bem do estado a que chegou a
pseudodefesa da liberdade de expressão que hoje seja aceitável alguém exigir
censura e, ao mesmo tempo, se arvorar em combatente pela liberdade.”(…) A hipersensibilidade à ofensa tornou-se tão comum, que até pode
ser difícil recordar que no passado as coisas se passavam de modo muito
diferente. A canção das pedras e dos paus simbolizava a atitude que a maioria
dos adultos queria transmitir aos filhos: que, quando se cresce numa sociedade
livre, há que aprender a lidar com as palavras e as opiniões das outras
pessoas, sem verter lágrimas por isso. Era uma vez um tempo em que ofender e
ser ofendido se considerava parte inevitável de uma vida plena.”
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