segunda-feira, 22 de abril de 2013

Os telhados de Lisboa V


[Lx. Factory, Lisboa, 2013]

Há noites de Lisboa que são sagradas. Noites como ontem, como hoje há-de ser. Noites como ontem, quando o Verão vem antes do tempo. Não, não vem. Veio a tempo de limpar o sacana do inverno que mata e mói e deita abaixo e emagrece e faz febre e é doente.
Há noites em que apetece beijar o chão desta cidade. Em que ficamos loucos quando abrimos os pulmões e aí apetece largarmo-nos como se o ar fosse droga, ou fosse um rio e só tivéssemos que nos deixar ir. E a gente desesperada enche a rua. Que só tem mesmo quase isto. Enchem os copos, falam e riem.
Quando penso que há quem pague para a ver tão bela e nós a temos de graça. Chegam os cruzeiros ao rio, e partem. Dizem 'Hello', ouve-se o apito, e vão. Mas ela é nossa.
Não há dívida ou défice que nos separe. Não há ministros que mandem em nós, nem governos que importem mais. Ninguém nos corre daqui, nem há impostos que tudo nos levem.
Estamos juntos. E o Benfica manda cá.

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