«A Saudade não é um tema português, mas o tema português por excelência. Se outro qualquer pode situar-se na sua periferia é, porventura, a "Descoberta". Ambos polarizam a realidade histórica que é Portugal. E resulta que são uma contraposição: a "Descoberta" é a ânsia de partir, a "Saudade" a ânsia de voltar. A ex-patriação (uma vez) e a re-patriação permanente: antes e depois da Descoberta. Portugal é o "filho pródigo" de si mesmo. O que é nele mais autêntico ? O partir ou o voltar ? Aquilo fê-lo uma vez: isto fê-lo e está sempre a fazê-lo. A cada dia, cada hora o português volta a si.
Note-se o que há de grave nisto. A Descoberta é um quebrar o horizonte e um buscar o imprevisto mais além, é "mares nunca d'antes navegados", a radical abertura. Saudade é solidificação de todo o horizonte dado: um permanecer no velho, nos costumes. Uma hermetização e o maior não à aventura.»
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