[foto:andré]
A vista do hotel em que ficámos era perfeita, simplesmente deslumbrante. Difícil até de descrever. Daquelas capazes de fazer parar as horas. No alto da colina que dá para o Geirangerfjord, que tem dois penhascos como guarda-costas. Uma orquestra de luz e cor. E o nosso quarto espreitando privilegiado lá para baixo, na bancada central.
A Noruega não é só um dos países mais ricos da Europa e auto-suficiente em termos energéticos, graças aos poços de petróleo descobertos nos anos 70 no mar do Norte. É infinitamente milionário no seu estado bruto, no que a mãe Natureza garantiu a quem não pode ter Lisboa, Paris ou Roma.
Não podíamos era demorar. Tínhamos 330 kms pela frente em estradas que iam continuar complicadas de belas. O dia do avião perdido começava a fazer falta.
Acordámos cedo e bem dormidos. Tomámos o pequeno-almoço, atirámos as mochilas para o porta-bagagens e arrancámos. À mesma hora que o casal que estava a fazer uma road-trip nas suas BMW's, estacionadas debaixo do alpendre. É o tempo dos que querem conhecer tudo e absorver mais.
Descemos lá do alto e fomos desembocar na vila onde tomámos um glorioso café ! e mandámos uns postais. Metemo-nos no carro estrada acima outra vez, com a companhia do espelho de água que vive em baixo e de uma música imperceptível que tocava no rádio.
Li no Lonely Planet que devíamos fazer o cruzeiro nesta parte do fjord que vai até Hellesylt. Sempre sem pachorra para excursões, mando o guia dar uma curva. Não é preciso cruzeiro nenhum quando se está de carro e temos que navegar três partes do percurso no mar de ferry, para chegar, primeiro a Molde, depois a Trondheim. Basta ter olhos. De modo que fazemos à nossa maneira, ainda que quase perdêssemos o primeiro ferry Linge - Valldal, que só vemos porque paramos em Linge para abastecer, acontecendo depois um daqueles raros momentos de sorte e lucidez. Absorvidos outra vez pela beleza extrema do local, reparo que estamos no sítio certo e seguimos viagem.
Sempre extasiados, como quando saímos da estrada de sopetão e fomos encontrar uma mesa de madeira, das que têm bancos incorporados de cada lado, mesmo à beirinha do mar e a implorar para almoçarmos. Ali deixada, com uma pequena lanterna de latão e um vasinho com flores já secas. Mudámos as flores que a Cristina apanhou por ali e respirámos, enquanto eu provava o mar, para ter a certeza que era mesmo mar e não rio. Comemos ali mesmo e despedimo-nos, deixando um bilhete escrito em inglês:
"Thank You, Lisbon - Portugal"
A maravilha sempre continuando, mesmo se atravessávamos os longuíssemos túneis com que cortam as montanhas. Os dias ainda são grandes pelo que chegamos a Trondheim com a luz das quatro da tarde, embora fossem sete.
Cidade tenrinha e verdadeira. Já noite, circulámos pelas ruelas para vermos as casas de madeira sobre estacas, com grandes janelas, luzes acesas, permitindo observar tudo de fora, e bicicletas à porta, à escandinava. Também a Catedral e o cemitério.
De volta ao hotel, estaco em frente de Heléne, a lindíssima recepcionista. Podia facilmente apaixonar-me por cá.
[foto: andré]
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