quinta-feira, 17 de março de 2016

Pela boca morre o Lula





«(...) "No Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia; quando um rico rouba, vira ministro." A frase foi publicada na Folha de São Paulo há quase 20 anos, posta na boca do então deputado que prometia mudar a realidade política do Brasil e emendar os maiores erros do país. Anos mais tarde, à quarta tentativa, o ex-sindicalista chegava a presidente do Brasil e conseguiria resultados nunca antes sonhados, incluindo pôr o país a crescer 7,5% ao ano. O património declarado de Lula era então de 150 mil euros - um quarto do valor do triplex de Guarujá que a Procuradoria de São Paulo acredita ser dele e razão por que pediu a prisão do ex-governante. A casa foi agora engordar a pasta da Lava-Jato, operação em que Lula também está a ser investigado, sendo suspeito de lavagem de dinheiro, ocultação de património e falsidade ideológica. Superministro aos 70 anos, candidato a presidente aos 72, será difícil até para o Supremo Tribunal Federal tocar-lhe. O deputado Lula bem sabia.»

'O Super Lula', por Joana Petiz

in "Diário de Notícias", 16.03.2016

É verdadeiramente chocante que um homem que toda a vida pregou contra a corrupção e os privilegiados da política, no momento em que um tribunal o investiga por suspeitas da prática de crimes graves no exercício de funções, tão graves que justificam um pedido de prisão preventiva, recorra logo, e tão depressa quanto possível, à mamãe partido, agarrando-se à saia de Dilma, para esta lhe outorgar o privilégio ad hoc de um (quase) intocável. Não está em causa, evidentemente, a presunção de inocência que a lei lhe garante, mas quando um tribunal nos investiga, a nossa defesa é nos tribunais. O que o pregador não podia deixar de exigir também para ele.

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