É por meninos como ele que vamos à Luz. Para assistir aos encantamentos com que trata a bola feitos de pezinhos que não pisam a relva. Para não estragar. Deslizam como se o chão fosse de gelo e o jogo fosse outro.
E o Estádio é rubro. Está cheio e a ilusão faz-nos brilhar os olhos. Vemos entrar a equipa, a única no mundo que nos faz uma vénia. Ouvimos o Luis Piçarra e batem-se palmas.
Aimar povoa a "cancha", como as lendas de Antonio Ordoñez ou Luis Miguel Domínguin numa arena, quando se enfrentavam num mano-a-mano, em Madrid, Sevilha ou Córdoba. O jogo parece realmente outro.
Pablito Aimar trata a bola com o carinho com que se fala à Mãe. Porque se lembra de El Pibe, de quando lhe dizia que "la pelota no se mancha".
Pega no capote, na muleta, e então começa a faena.
Pablo Aimar procura o touro. Cita o bicho. Fá-lo correr. Primeiro uma chicuelina. Cansa-o um bocado. Depois umas veronicas. O bicho não compreende. Pase de pecho e, para terminar, um passe de letra. O touro de língua de fora.
Dois amigos vindos da Argentina, de cachecol vermelho ao pescoço vieram ver o jogo. Estão à minha frente, na fila a seguir. Têm talvez 50 anos. Não me intrometo na conversa. Quero só ouvi-los. Ver o que dizem. Reconheço imediatamente aquele sotaque do espanhol açucarado. Italianado, abrasileirado, até. Que adoro.
Pablo Aimar vai marcar um canto. A bola debaixo do braço. É dele. Todo o Estádio se levanta. Gratidão como esta.
À minha frente, os dois amigos comentam: "Mira, la alegria del pueblo !"
Pablito chuta de canto, Luisão entra ao primeiro poste e... Golo !
Tudo rebenta. Os dois amigos também se abraçam. Um diz para o outro: "Assí, si."
La alegria del pueblo. Que vem dos campinhos de Buenos Aires.
Aimar sabe fazer sonhar, que foi esquecer o drama dos dias tristes, sombrios e sem dinheiro. E o povo sonha e agradece o milagre daquelas horinhas em que este menino pega na bola com pezinhos que são colheres e diz "Deixem a crise", e se entretém a regalar-nos magia. E a gente canta ao nosso 10 ...
Aimar sabe fazer sonhar, que foi esquecer o drama dos dias tristes, sombrios e sem dinheiro. E o povo sonha e agradece o milagre daquelas horinhas em que este menino pega na bola com pezinhos que são colheres e diz "Deixem a crise", e se entretém a regalar-nos magia. E a gente canta ao nosso 10 ...
Aimar (ontem) não marcou. Podia. Duas ou três vezes. Mas quis sempre tratar a bola com um bocadinho mais de amor. Ninguém empacienta. El Mago pode sempre fazer-lhe o que quiser. É o lado belo. Poético. Romântico do futebol. Em Portugal só aqui se joga assim.
E é sempre por isto que, depois, há uma menina de 4 aninhos, às cavalitas do seu pai que responde "É o Pablito !", quando queriam saber-lhe o jogador preferido. E quase fez três homens chorar, que um homem não é de ferro. Linda. E o Benfica enche Lisboa e tudo avermelha.
Há qualquer coisa de muito badocha no Porto.
E é sempre por isto que, depois, há uma menina de 4 aninhos, às cavalitas do seu pai que responde "É o Pablito !", quando queriam saber-lhe o jogador preferido. E quase fez três homens chorar, que um homem não é de ferro. Linda. E o Benfica enche Lisboa e tudo avermelha.
Há qualquer coisa de muito badocha no Porto.
O nosso clube é uma maravilha!!!
ResponderEliminarBenficaaaaaaaaa...