(foto: andré)
É quando a cidade vai mesmo toda para as ruas. É quando a cidade tem direito a festa e as ruas se alindam. Os bairros antigos vêm para a luz da vida e saem da penumbra dos dias maus. E está muito bem que isto tem sido mais do que tremendo e a gente não é de ferro.
Não vamos à noite, encher-nos das multidões que crescem em todos os buracos e nas esquinas e recantos, e que anseiam esquecer a crise e nos fazem andar em procissão. Mas de dia para ver bem as varandas que invejam, e a parte moura da cidade que é mais bonita. Quando já está livre para ser nossa e lhe jurarmos amor total.
O dia quenta e há balões e cores e cheiro a fumo. Fumo do bom. Acenderam os carvões e as sardinhas já voam, e as febras saltam e as mulheres competem. Falamos com elas à janela e com a graça que elas têm. E num estendal de Alfama estão cinco vestidos a secar das marchas que bailaram de véspera na Liberdade.
Enovelados pelos tentáculos desta gente que faz da rua casa, deslizamos pelas calçadas até desaguar lá mais em baixo. Olhamos para as mil e uma escadinhas e para as placas com as caras dos fadistas. E para os telhados que trepam sempre uns sobre os outros.
Lisboa nesta altura é de um povo alegre por um dia e ninguém lhe toca.
Compramos o manjerico, cheira bem e oferecemos-te.
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