terça-feira, 30 de junho de 2015

Buenos Aires - 11º e 12º dias

Por alguma razão que não consigo explicar, interrompi a história desta viagem.
Retomo agora onde tinha ficado.



Regressámos hoje a Buenos Aires. Os 3.040 kms que se contabilizam desde Ushuaia fazem-se em cerca de três horas e meia, by Aerolineas Argentinas.
Fomos ao hotel largar as mochilas, um duche, e de novo para o coração da cidade pasión. A cidade por que me enamorei e de que ficarei devoto até ao fim da vida.
Chamámos um táxi para a Plaza de Italia, no bairro de Palermo Viejo.
Tinha-nos ficado a saudade das suas lojas coloridas e cheias de alma, em ruas recuperadas arty, jazzy, trendy, que vendem coisas que apetece trazer. Dos restaurantes bem decorados e dos cafés acolhedores, um 'SoHo', dizem eles, um 'Le Marais'. Palermo Viejo.
Subimos a Avenida Jorge Luis Borges e demos um salto na "Babel" para comprar uns presentes. À noite ficámos. Deixámo-nos ficar. Estava bom. Estava a pedir. De modo que ficámos. Por ali. Mais um pouco. Sem pressa.

No dia seguinte acordámos com vontade de percorrer as livrarias e todos os cafés de B.A., em puro deleite cultural. O Miguel tinha-nos recomendado uns livros de autores andinos e por isso fizemos disto uma demanda.
A Cristina comprou os "Cuentos Completos" de Abelardo Castillo e eu "El Libro de los Abrazos", do Eduardo Galleano. 
Também trouxe "Los Siete Locos" de Roberto Arlt. O problema foi que nos tinham dito que este livro era a primeira parte de uma obra que só se concluía com outro livro dele: "Los Lanzallamas". E encontrá-lo ?
Corremos talvez umas trinta livrarias da Av. Corrientes e da Av. Santa Fé. Livrarias pequenas, escondidas, uma porta e umas estantes, perguntamos pelo livro, para o outro não ficar desirmanado, a meio. Pendurado. Livrarias grandes, célebres, como a 'Ateneo', o velho teatro adaptado, que tem livros nos camarotes e no primeiro balcão e que também vende discos, e aí eu distraio-me e já estou a ver outras coisas.
Mas foram muitas, muitas mesmo. Nada. Não tinham.
Pelo meio, a Cristina ainda conseguiu arranjar outro a que tinha deitado olho na primeira passagem por B.A. e que agora parecia bastante esgotado: "Los Cafés de Buenos Aires", uma edição da Secretaria da Cultura com fotografias e textos dos Cafés, bares, billares e confeitarias mais emblemáticos da cidade, verdadeiras instituições neste país. Sagrados.
Enfim, não encontrávamos "Los Lanzallamas", mas vimos uma edição do "Ensaio sobre a Cegueira" do Saramago e lembrámo-nos que o Miguel nos disse que nunca tinha lido nada do Nobel. Comprámos o livro, pedimos que fizessem um embrulho e fomos à estação de correios onde o enviámos para ele de lembrança. Com dedicatória e muita amizade.
Por fim, frustrados e exaustos, parámos no Café Tortoni, na Av. de Mayo, para um café e um chá.
Há fumo no ar, as pessoas conversam sobre as eleições de domingo (Ibarra vs Macri) e os empregados, frenéticos, anotam os pedidos.
À noite, fomos ver tangos ao 'El Querendí'. A banda tocava bem e a Cristina diz que gostava de aprender.


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