quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Nadal más

 


Foi espectacular. Um dos três maiores de sempre. Sem escala. 
Acompanhámo-lo sempre: aqui e aqui e aqui.
Foi um suserano. 
Mas também é a vida. Se acabó.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Francis Ford Coppolopolis




Megalopolis, uma fábula histórico-futurística.

sábado, 16 de novembro de 2024

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

a lei da memória


De como a ditadura e a vingativa repressão franquista do pós-guerra civil conduziu milhares para a morte por fuzilamento, porque tinham sido opositores  do golpe ou estavam "do outro lado", alguns apenas camponeses, para se preencher a chamada "quota de sangue". De como a estes milhares só foi dada a indignidade do enterro numa vala comum e de como mais de 70 anos depois continuam tantos por exumar e identificar. E, enfim, a luta dos seus descendentes pela memória e pela recuperação dos "seus". 
Como Pepica, a quem levaram o pai aos 8 anos.
«"Yo no quiero venganza, yo solo quiero llevar a mi padre al lado de mi madre y cuando me apetezca, llevarle un ramo de flores. No pido otra cosa. La noche antes de que lo mataran, mi padre escribió una carta en un trozo de papel higiénico y se la escondió en un dobladillo del pantalón. En ella nos decía que moría inocente y nos pedía que no le olvidáramos. Si está en algún sitio viéndome, sabrá que su hija no lo olvidó."»

... e cujo indulto chegaria três meses depois de ter sido assassinado.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

"Bambino a Roma", de Chico Buarque


«Jet lag, adrenalina, insônia, e com um ou dois comprimidos de Zolpidem me esqueci de fechar as cortinas. Acordei com o sol na cara, tomei mais um sonífero e só me levanto no meio da tarde: 16h16. O celular no modo avião me serve somente de relógio de cabeceira, nem o alarme eu aciono para não esbarrar numa tecla errada. Não gostaria de  dar de cara com uma enfiada de mensagens por responder, nem de constatar que não me mandaram mensagem alguma. Peço ao room service uma focaccia com presunto de Parma, meia garrafa de Pinot Grigio e um maço de Chesterfield. Faço a barba, tomo banho e mando chamar um táxi que me leve à galeria da Piazza Colonna, onde me lembro de uma grande livraria chamada Hoepli, depois Rizzoli, depois Feltrinelli, em suma, um bom lugar para me perder um pouco. O taxista me toma por um turista incauto e se põe a circular pela cidade, o que a princípio não me desagrada. Contornamos a Piazza Navona, cruzamos o Pantheon, avistamos a coluna de Marco Aurélio mas vamos parar na beira do Tibre, onde atravessamos uma ponte, voltamos por outra, e da terceira vez que passamos pela Piazza di Spagna pago a corrida e agradeço. Da praça à igreja de Trinità dei Monti são cento e trinta e cinco degraus que me lembro de subir de três em três, apostando corrida com meus irmãos. Eis uma façanha que eu hoje não poderia repetir, não só por causa da artrose nos joelhos; a escadaria está cheia de jovens estudantes e mochileiros, deitados com a cabeça no colo uns dos outros, fumando maconha ou entornando latas de cerveja. Enfrento a escalada de viés com duas pausas a meio caminho e chego ofegante lá no alto. O coração disparando, porém, atribuo à visão do pôr de sol, refletido nos muros cor de ocre e no rosto dos adolescentes que me lembram a irmã que perdi.»
 


(foto: cris / novembro 2024)

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Chiquinho

«Amadeo, filho do quitandeiro, não tirava a boina da cabeça e tinha a pele de uma cor amarelo-esverdeada. Acho que não ia à escola, pois estava sempre por ali ajudando os pais na quitanda da esquina. Era mais ou menos do meu tamanho, e com ele eu havia aprendido as primeiras palavras em italiano: calcio, pallone, fuorigioco, và a fancullo, coisa de futebol. Domingo de manhã cedo, todos menos meu pai íamos à missa na igreja do bairro, onde eu tinha sempre novos pecados a confessar para um padre impaciente. Mamãe e os mais velhos fazíamos jejum para a comunhão, e nem bem voltávamos para o café, o Amadeo me chamava da rua: Braziliano ! Eu saía com a bola de couro e jogávamos gol a gol na rua o domingo inteiro, só interrompidos pelo seu pai, que o chamava a toda a hora para ajudar no serviço; a quitanda só fechava às segundas, e creio que era lá nos fundos que os quitandeiros moravam.»

domingo, 10 de novembro de 2024

Assembleia Geral


Benfica 4 - Porto 1

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

"a mobilizing energy"


A few words by Patti Smith

I wrote today

Read on Substack


visto aqui.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

domingo, 3 de novembro de 2024

domingo, 27 de outubro de 2024

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

"it was me meeting you"

 


«It was me meeting you ! Thank you for your support. Enjoy your stay in Montréal ! Best wishes always,». Foi isto que ele lhe escreveu na segunda página do livro. Dedicatória. 

Este homem, nos seus cinquentas e de barba completamente branca, tinha-se-nos apresentado na "Paragraphe", ao ouvir-nos falar em português. Reconhecera a língua de a escutar no bairro onde crescera. 

Andreas Kessaris, filho de emigrantes gregos, veio mesmo ter connosco. Para se certificar que éramos, de facto, portugueses. A conversa foi correndo com a naturalidade de quem adora falar com pessoas de fora. Perguntei-lhe coisas dele e ele coisas nossas. Depois, por alguns livros e se me recomendava alguma coisa sobre a cidade e ele trouxe-me um, que ele escrevera. Afinal, não trabalhava apenas na livraria, como até já tinha um livro publicado de um dos bairros da cidade. Pequenas histórias dele próprio nesse bairro.

Depois quisemos falar com os outros empregados. O luso-italiano que estava ao balcão, cuja mãe era de São Miguel, mas que nunca foi a Portugal. E a rapariga filha de chineses. O Canadá é um melting pot. E o meeting point é esta livraria. Disse-me que gostava de Pessoa. E eu perguntei-lhe se conhecia Mário de Sá Carneiro. E depois o 'Fim'. E depois os 'Resistência'. Escrevi tudo num papel para ela ver no  google e no youtube. 

It was me meeting them.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

domingo, 20 de outubro de 2024

sintra




9 da manhã. Quando os turistas ainda não chegaram. 
De alguma coisa há-de servir o filho jogar a essa hora contra o Sintrense. 

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

uma história violenta


«Desci as escadas, lentamente. Sentia uma viva emoção. Recordava a terrível esperança, o anseio de vida com que as subira pela primeira vez. Agora partia, sem ter conhecido nada daquilo que, confusamente, esperava: a vida na sua plenitude, a alegria, o interesse profundo, o amor. Da cas da Rua de Aribau, não levava nada comigo. Pelo menos, assim, o julgava eu, então.

(...)

O ar da manhã era estimulante. O chão estava molhado pelo orvalho da noite. Antes de entrar no automóvel, ergui os olhos para a casa onde vivera um ano. Os primeiros raios do sol chocavam contra as suas janelas. Alguns momentos depois, a Rua de Aribau e Barcelona inteira ficavam para trás.»

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Fi de Setmana


lugar do "Nada", de Carmen Laforet
 
(foto: matilde)

talvez o melhor nome para uma praça 
e estação de metro 

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Infiniesta


Gostamos de futebol por homens como Iniesta.
Vamos ao futebol por causa de génios como ele. Pelos Diego Armandos, os Chalanas, os Baggios, os  Aimars, os Zidanes, os Gazzas, os Tottis, os Bernardos. São estes pequenos génios que nos fazem sair de casa, com sol, frio ou chuva, e que nos levam durante aqueles minutos de volta à infância, onde nunca havia problemas e tudo era um lugar bom. É por eles. 
Ao ponto de até festejarmos um golo de Espanha na final de um mundial. Não foi por acaso que o único golo do jogo, o golo "de todos" , saiu das botas de Andrés Iniesta. Foi porque o futebol é de homens como ele. 
Que quando se retiram nos deixam uma pergunta amarga: e agora ?

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Sanduíche


"A nossa professora de Inglês, a Menina Gredis, era uma besta quadrada. Era loira e tinha um nariz grande e afiado. O nariz não era grande coisa, mas isso não importava quando olhávamos para tudo o resto. Usava vestidos justos com decotes grandes, sapatos de salto alto negros e meias de seda. Parecia uma serpente com pernas bonitas. Apenas se sentava na secretária para fazer a chamada. Deixava sempre uma secretária vazia à frente da turma e quando acabava de fazer a chamada vinha sempre sentar-se nela, virada para nós. A Menina Gredis sentava-se ali de pernas cruzadas e com a saia bastante subida. Nunca tínhamos visto pernas e ancas como aquelas. Bem, havia a Lilly Fischman, mas a Lilly era uma menina-mulher enquanto a Menina Gredis estava na flor da idade. E desfrutávamos dela todos os dias durante uma hora. Não havia nenhum rapaz na turma que não ficasse triste quando tocava a campainha e a aula de Inglês terminava. Depois falávamos sobre ela."

sábado, 5 de outubro de 2024

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Inferno é hoje não dormir aqui

 foto: Cláudia

Benfica - 4
Atlético de Madrid - 0

domingo, 29 de setembro de 2024

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Quarentão


"Quando tinha 16 ou 17 anos, um tipo da turma comprava o jornal e os outros todos liam."

Isto é mesmo verdade. 

E nunca o deixámos, apesar de ele ter deixado o papel.
Que saudades temos nós disso.