Começou hoje. Sem apetite, com empates, mas Campeonato do Mundo. A mais importante competição de futebol.
A História do Campeonato do Mundo está cheia de momentos de glória, paixão e alegria.
A mim, contudo, sempre me atraiu mais o lado dramático do jogo. O lado trágico. A beleza das vítimas do cruel. As lágrimas do Eusébio, a bola que vai à trave, não entra, mas o árbitro diz que sim na final de Wembley de '66 e a Inglaterra a ganhar à Alemanha. A formidável máquina do futebol total, mais bonito, mais espectáculo, que era a "Laranja Mecânica" e que em duas finais consecutivas, perdeu ambas. O Brasil de sonho, de Sócrates, Zico, Falcão, Junior, Toninho Cerezo, a ser eliminado em '82 por uma Itália que nunca foi tão cínica. A revolta dos ingleses quando viram o árbitro assinalar o golo com a mão do Deus Maradona em '86. As lágrimas amargas do mesmo Diego Maradona na final de '90, ele que tinha carregado a equipa até à final, contra uma Alemanha que marcou de penalty... um penalty que não existiu. O mago Roberto Baggio (nesse ano talvez o melhor do Mundo) que atira por cima da barra e falha o seu penalty na final de '94. Um soberbo Ronaldo que na final de '98 se deixou engolir pela ansiedade e já não jogou. Zidane a fechar a carreira, expulso na final de 2006, por espetar uma cabeçada no peito de Materazzi depois de este ter dito coisas da mãe ou da irmã de Zizou. Em suma, o lado inumano ou demasiado humano do futebol.
Mas nunca, como há 60 anos, a final de um Campeonato do Mundo terá sido tão fatalista, tão terrível. No Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro, defrontavam-se Brasil e Uruguay. 200.000 pessoas nas bancadas. Um país inteiro a sonhar ser campeão. E que país! Começou o Brasil na frente, mas na segunda parte o Uruguay deu a volta ao marcador, meteu dois golos e venceu a partida.
Contam os relatos da época que logo ali houve quem não aguentasse aquela dor e pusesse termo à vida, lançando-se do alto das arquibancadas do maior estádio do Mundo.
Um trauma que só oito longos anos depois os brasileiros conseguiram ultrapassar, levados pelos pézinhos de génio de um menino chamado Pelé e pelos joelhos trocados de Mané Garrincha.
Como te dizia agrada-me mais o lado da superação dos limites. O lado trágico não me fascina.
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