domingo, 30 de dezembro de 2012

sábado, 29 de dezembro de 2012

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Cordas maravilhosas

Sempre adorei guitarras. Todas. E de todas as nações. Universais.
Banjos, slide-guitars, alaúdes, cítaras, a "kora" africana, baixos, cavaquinhos, o "bouzouki" que é grego, violoncelos tocados como contra-baixos, violinos tocados como violas. Até a chata da harpa. Porque tem cordas.
Sempre me fascinaram os instrumentos de cordas. Fazer vibrar muito intensamente uma ou várias cordas muito tensas, amplificadas numa caixa ou com um pick-up, e que, bem tocadas, produzem sons magníficos. Para isso é que temos os grandes mestres.

Às vezes pego nas minhas duas guitarras, a clássica e a eléctrica, uma para os putos a outra para mim, e fico ali a dedilhar, que é mais a entreter.
Tocar é extrair um som. Vários sons seguidos. Com calma e amor. Este ano gostava de uma guitarra-folk.
Agora, oiçam isto.


Adoro viajar.

o Natal não é todos os dias


Era hoje. 
Momento único. Cópia digital em reposição nos cinemas de Lisboa e Porto.
Não se pode ter tudo. E isso é uma merda.

sábado, 15 de dezembro de 2012

"Lisboa Song"

«(...) ela abriu os olhos, espantada, disse-me, afinal não sei nada de ti, é como no princípio, percorremos juntos o mesmo caminho e, no fim, sabemos tanto como antes, os caminhos não são os mesmos, disse-lhe, apenas durante algum tempo correm lado a lado, e isso é o melhor que o engenho humano consegue construir, duas linhas sinuosas em prodigioso equilíbrio, conservando entre si a mesma distância relativa pelo mais longo período de tempo possível, mas o que existia antes como que se apaga, dissolve-se na obsessiva procura do presente, agora amo-te, e é um único instante, e esse instante é também a mágoa de te perder no instante seguinte, e a angústia de poder não te ter encontrado no instante anterior.
       Ela avançou para mim, com as mãos atrás das costas, repetiu o meu nome, uma, duas, muitas vezes, e parecia ouvir dentro de si o eco que o dizia. Depois, perguntou-me, apenas um instante ?, eu fiz que sim, e beijámo-nos, mas nessa altura já sabíamos que estávamos condenados ao terror do instante a seguir.»

António Mega Ferreira




quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Querem mesmo acabar com todos os Monstros de uma só vez



Ravi Shankar
1920-2012


"Ravi Shankar has brought me a precious gift and through him I have added a new dimension to my experience of music. To me, his genius and his humanity can only be compared to that of Mozart's."

                                                                           Yehudi Menuhin


Tinha 16 ou 17 anos quando tive o primeiro contacto com Ravi Shankar. Foi quando vi o filme sobre o Monterey Pop Festival, de Pennebaker, na RTP2, que já meti aqui A surpresa foi total e imediata. 
Que faria aquele homem de 50 anos no meio dos hippies de Monterey ? 
Porquê uma sitar em cima dum palco entre as guitarras e vozes eléctricas das bandas psicadélicas dos anos 60 ?
Depois foi o encantamento, a hipnose. O pasmo perante a beleza daquela nova sonoridade. O desejo absoluto de ir à Índia (que ainda hoje me persegue), de me penetrar por aqueles ares de paz, revelação e despojamento.
Mais tarde, vi-o no Woodstock. O Pandit novamente no meio de cabelos compridos e dos símbolos de paz. De resto, Shankar dizia que as lamas de Woodstock daqueles dias lhe faziam lembrar a Índia e que só podia sentir-se em casa.
Tinha a impressão que Shankar ia viver para sempre. Que era "imorredouro", como ouvi hoje um músico dizer. E agora terminou. 
Talvez não, se acreditarmos no cálice da vida eterna que são os discos e filmes que gravou.

o Natal já chegou


(ontem, na Aula Magna)

É incrível o que se pode fazer com uma guitarra ou com um piano. E aquilo que se pode fazer quando ambos se juntam.
E é lindo fazer tudo o que se quer com eles.
Mais quando se encontram Al Di Meola e Gonzalo Rubalcaba, mestres absolutos, músicos que têm aranhas em vez de mãos e patas de centopeia em vez de dedos. E o duo passa a trio ou a orquestra, ou ao que os deuses quiserem.
Quando isto acontece, não é terça-feira ou dia de semana, não se fazem orçamentos pré-natalícios, não temos filhos e a crise não entra aqui.
Não é magia, nem sexo.
É só beber.
E no final, "Mediterranean Sundance". Que puta de concerto !

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Heart of Gold

A música de Young através da lente de Jonathan Demme.



No AXN Black. 
Amanhã repete, às 14h38m.

110 Anos

Há sítios a que chamamos Casa: o CIF, Clube Internacional de Football.
O CIF foi o primeiro clube de futebol de Lisboa, fundado em 1902, quando ainda viviam reis e rainhas em Portugal. Com bigodes que enrolavam nas pontas porque era a moda.
Em Monsanto, dentro dos pinheiros de Monsanto.
Fez no sábado 110 anos.
E eu, sócio do clube há 22, quase a receber o emblema de prata.

No CIF aprende-se cedo o significado da palavra Desporto. Que não é o mesmo que ganhar. Desporto é o desporto pelo desporto.
E desporto também não é só o foot-ball. Por causa do futebol é que o CIF deixou a primeira divisão. O debate era profissionalizar e ganhar dinheiro, mas o CIF era diferente e quis ser Amador.
Só quem ama assim é que verdadeiramente ama. Só assim era mesmo Desporto. E é por isso que continuamos a ver no 'Estádio Pinto Basto' várias competições de futebol, mas todas de amador, e os miúdos novos a aprenderem o jogo.

No CIF também havia o hóquei, o basketball e o ténis.
E o ténis é um desporto lindo. No CIF ainda mais bonito.
Tem uma boa trintena de courts, de terra batida, rápidos, porosos e cobertos. E tem as árvores.
O CIF é um clube de gentlemen, onde os cavalheiros se encontram para uma partida de ténis. Aqui ainda se faz cerimónia. E está muito bem.
O encontro é à hora. O court já foi tratado, primeiro com uma regadela para o pó de tijolo assentar, e depois escovado com a rede no solo para alisar.
Cumprimentamo-nos com um shake hands antes do início, tiramos as raquetes e as bolas do saco e desejamos um bom jogo ao adversário. Terminado o match, voltamos a dar um aperto de mão. E prometemos a desforra.
A seguir, tomamos um duche rápido nos balneários (revestidos de madeira e de vapor), trocamos impressões sobre aquela direita que não saiu, ou sobre o serviço que hoje estava fraco.
No final, dirigimo-nos ao bar que dá sobre o Court Central onde nos servem um gin tónico ou uma "Green Sands". No canto da sala, a televisão, sempre sintonizada na 'Eurosport', dá conta das últimas do desporto internacional. À saída, os cavalheiros pagam o court na Secretaria e vão trabalhar, que são 9h30. E é por isso que chegam a velhos.
Foi na Escola do CIF que aos 11 anos entrei neste ritual.
Aliás, foi antes, ainda pequeno, quando o meu pai achou que estava na altura de aprender a apanhar bolas.
Lá íamos, o meu pai jogar com os meus tios, e eu com um primo, apanhar as bolas, o que fazíamos com desvelo, habituados a ver na televisão os rapazinhos dos torneios do circuito ATP, de Wimbledon ou do Rolland Garros, a correr ou agachados junto à rede.
E foi assim que aprendi as regras do jogo. A olhar. Quando é que a bola era "boa", quando é que era "out", porque é que a vantagem era "nula" e como era estranha a marcha do resultado.
Quando me fartava, ía mandar umas bolas à parede com a raquete de madeira da minha Mãe, uma Slazenger de museu, razoavelmente empenada. 
Mas aos 11 comecei mesmo a jogar ténis, semanalmente até aos 17, e participei nos torneios de pré-competição que eram organizados no Estádio Nacional, em Monsanto, em Oeiras ou no CIF, os Sport-Goofy. Uma vez ganhei uma medalha, noutra fui à final com um tipo do Benfica. Perdi. Era na Luz, e isso era demais para o coração.

Regularmente, também fui sempre jogando com alguns amigos e nunca perdi a minha direita e uma força mental que não tinha em mais lado nenhum.
Gosto sempre de voltar a Casa, de ir ao CIF.
E agora, mesmo que o velho Sr. Henrique tenha regressado à Aldeia-das-Dez (perto do Piódão) e o Sr. Agostinho tenha pedido a reforma e não exista mais para nos azucrinar a cabeça, é onde às vezes levo os putos, para começarem a aprender as regras do jogo.
No Clube do preto e branco. 

sábado, 8 de dezembro de 2012

"how high the moon"


Na 'Ler Devagar'
(foto: Matilde)

Com eles não havia remédio.
Tinham emigrado, ou estavam exilados, ou lá o que era. Foragidos, é isso.
Com eles, os meses passavam. Passavam anos.
Envelheciam feitos de meses e feitos de anos, que tinham pernas. Pernas que eram andas. Que passavam porque não podiam deixar de passar. Foragidos do tempo que não era deles.
Com eles não havia remédio. Era assim. Até ao fim de todos os tempos. Demasiado parecidos para ser perfeito.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

"Porque a vida só se dá pra quem se deu, Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu" *

"Não é o ângulo recto que me atrai, nem a linha recta, dura e inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual - a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos rios, no corpo da mulher amada."



Oscar Niemeyer

15.12.1907 - 5.12.2012

Oscar Niemeyer, Vinicius de Moraes, a mulher Lila e Tom Jobim


Tirado daqui. Gracias Joaninha !


* Vinicius de Moraes, 'Como dizia o Poeta'

'Time Out'


Dave Brubeck
(6/12/1920 - 5/12/2012)

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

"Para que serve o futebol ?", por Carlos Daniel

«Jogar bem é ganhar, que futebol é bola na rede, dizem uns pragmáticos infectados pelo "bacilo da eficácia", como lhe chamou Valdano. No ano em que este foi campeão do mundo pela mão de Maradona, morreu um argentino imortal, Jorge Luís Borges, que assim respondeu a quem lhe perguntou para que serve a poesia: "Para que serve um amanhecer? Para que servem as carícias? Para que serve o cheiro do café?" Prazer. Emoção. Vida. O futebol também se conjuga noutro infinitivo que não ganhar: é preciso gostar.

Há equipas que ganharam e não me levam a rever um único jogo, como os soporíferos Grécia de 2004 ou Chelsea campeão da Europa em título, enquanto não me canso de esgravatar na gaveta dos dvd"s o talento derrotado da Holanda de 74 ou do Brasil de 82. E ainda gosto, ou não gosto, de voltar ver Portugal perder com a França em 84 ou em 2000. É de emoções que falo, num jogo de encantos que só se revelam totalmente se o adversário entra na dança. "Defrontar um rival que não se interessa por atacar? É como fazer amor com uma árvore", Valdano de novo.»

No DN.

É isto. Mas também a tragédia.
Por isso é que ficarei eternamente agradecido ao Zidane pela cabeçada que deu ao Materazzi na final do campeonato do mundo de 2006, uma das mais chatas da História do futebol.




[Centro George Pompidou, Paris]

terça-feira, 27 de novembro de 2012

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

To live (and not to yield)



We die,
we die rich with lovers and tribes, tastes we have swallowed,
bodies we have entered and swum up like rivers,
fears we have hidden in like this wretched cave...

...I want all this marked on my body.
We are the real countries, not the boundaries drawn on maps
with the names of powerful men...

...I know you will come and carry me out into the palace of winds, the rumors
of water...
That's all I've wanted - to walk in such a place with you, with friends, on earth
without maps.

The lamp's gone out and I'm writing
in the darkness...

'The English Patient', 1996

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Respect



"Then just before kick-off, as if Celtic’s people did not already feel at home here in this city of legend, the heavens opened to give the place even more of a Glasgow feel.

To add to the occasion, the Hoops were being watched from the stands by some of the heroes who conquered this very manor on the club’s behalf in 1967.
In time honoured pre-match tradition, the Portuguese released an eagle from its perch on the roof of this magnificent arena and the locals roared their approval as it swooped around the inside of the stadium before landing on a podium in the centre circle."



Uns adeptos do cacete !, que a gente não esquece isto:  

Liga dos Campeões 2006/2007

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Uma mulher



Era por momentos assim. Como este.
Aquela mulher tinha perdido tudo. Uma mulher a quem tudo se tinha tirado. E tudo era realmente tudo. Se pudéssemos olhar para dentro da alma, teríamos visto uma minúscula formiga metida no canto de um caixote do lixo.
Saíra de casa para deixar um homem que de marido era nada. E o próprio filho, dor que ninguém explica, ainda pequeno. 
Farta das violações, das agressões e da droga. Que isto não é só coisa dos pobres.
Cansada também da família rica do Norte, dona de farmácias. Cansada de gente horrível que não cura nada e a queria acorrentada ao casamento como se isto fosse algum castigo.
E assim, vazia, esta pequena mulher metida no canto do lixo, veio procurar Advogado que lhe resolvesse o problema da vida. Vestida com a única réstia de dignidade que lhe sobrava: contar-lhe tudo e gritar socorro.
Enganando a fome com umas bolachas. Às vezes isto acontece. Parece que pode ser pior com as famílias que têm dinheiro. Que tudo recusam para melhor coagir. Que preferem a pior das relações, a não ter uma sequer.
E aquela tortura de marido que não aceitava que se podiam divorciar, jurava que a mulher nada veria para si. Nada teria para ela. Negando-lhe alimentos, pensão, partilha, as jóias, as roupas e cuecas que tinha deixado para trás. Negando-lhe o filho.
Aquela mulher fugiu. Para cinco anos de um processo. Para a revolta, as lágrimas e mentiras que só um processo de família conhece. 
Naquele dia, esta mulher olhou para o seu Advogado e só não o beijou porque o pudor o recomenda. 
"Estou divorciada ? É mesmo verdade ? Ai, Senhor Dr., sou a mulher mais feliz que há no mundo !"

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Humilhação pública (ainda A Visita)




"(...) Não haverá quaisquer contactos porque estará sempre rodeada de dezenas de seguranças, com navios de guerra no Tejo vigilantes e o céu sem aviões, mesmo de carreira, não vá o diabo tecê-las. Haverá polícias especializados e guardas-republicanos mobilizados e as ruas por onde passar estarão fechadas ao público. Há helicópteros a espiar a terra, o mar e o céu. Nunca nenhuma das muitas centenas de presidentes e primeiros-ministros que nos têm visitado, nos últimos anos, foram sujeitos a semelhante humilhação. Porque é de uma humilhação que se trata.(...)"

Mário Soares, 'Diário de Notícias' - 13.11.12


NB: 'Tesos' é a palavra que a imagem não apanhou, e que está pintada no mural da Av. Infante Dom Henrique, em Lisboa, a seguir a 'ESTE BEIJO DEIXA-NOS' (imagem de cima).

Adenda:
Não ia fazer um post sobre a Visita de Angela Merkel a Portugal. Acho sinceramente que o que a Visita merecia era ser ignorada. Olimpicamente.

Foi o que a maioria dos portugueses fez, com excepção das escassíssimas centenas que se deslocaram a Belém para vaiar, empunhando cartazes de Merkel=Hitler (?!).
Esta insignificância não teve nada que ver com as dezenas de milhar de manifestantes que saíram à rua em todo o país no 15 de Setembro, ou com os milhares que se reuniram em vigília à frente do Palácio de Belém no dia do Conselho de Estado, seis dias depois.

Acho que os portugueses, com enorme sabedoria, quiserem ignorar a Senhora.
E só porque

a) o Governo tem medo/vergonha das vaias, e
b) a imprensa é sanguinária 

é que foi montado todo este triste espectáculo.
Não fossem estas duas acções combinadas e provavelmente ninguém daria pela Visita.
Quando Merkel foi à Grécia, houve verdadeiros tumultos. Aqui nada disso aconteceu. Os cartazes e vaias anti-Merkel não são representativos de coisa nenhuma.
OS PORTUGUESES QUISERAM IGNORAR MERKEL !

O que é grave foi o circo mediático montado à volta da Visita, a começar, obviamente, no Governo.
É aqui que entra Mário Soares: este Governo (que entra pelas traseiras, que se reúne à porta fechada) tem tanto medo do povo que acaba a fugir com Angela Merkel, escoltada como se fosse um árbitro de futebol depois de um Porto-Benfica.
Coisa que não escapou aos principais jornais alemães que fizeram títulos dizendo: “Merkel recebida em fortaleza”. E era precisa esta operação anti-terrorismo ? Claro que não !
Mas foi o que aconteceu.
E isto é que é preciso perceber.

domingo, 11 de novembro de 2012

Aula Magna - 10.11.12

Andrew Bird


What if we hadn't been born at the same time
What if you were 75 and I were 9
Would I come visit you
Bring you cookies in an old folks home
Would you be there alone

What if we hadn't been each other at the same time
Would you tell me all the stories from when you're young and in your prime
Would I rock you to sleep
Would you tell me all the secrets you don't need to keep
Would I still miss you
Or would you then have been mine

'Sifters'

sábado, 10 de novembro de 2012

O Messias veio a Belém



hoje à noite no CCB:
Herbie Hancock, 'a night of solo explorations'

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

o outro Joy Division



Why is it something so good, just can't function no more

"Foi exatamente a meio de um concerto de 22 canções que a metamorfose se deu: o que estava a ser um espetáculo recebido com carinho, mas bastante contenção, numa sala solene de lugares sentados, transformou-se subitamente numa coisa rock. Talvez não tenha sido subitamente: uma canção antes, aos primeiros acordes de "She's Lost Control", já a imagem do público pacato com um ou outro braço espetado no ar, seguindo o exemplo do de Peter Hook, tinha sido quebrada por um fã ensaiando uma dança "curtiana", e por duas amigas em furioso headbanging,

(...)
Cá em baixo havia saltos, cabeças desgovernadas, uma loucura quase generalizada e boa de se ver, que as últimas canções só vieram alimentar."

Lia Pereira, 'Blitz'

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O Bem Comum


Há talvez muito poucas razões para um tipo se levantar às 6 da manhã (quando o dia ainda é noite) só porque tem que estar no Porto às 9h30 para fazer um julgamento. Entrar num taxi que nos leva à estação e ouvir, em directo na TSF, todo o discurso de Obama, é com certeza uma delas. 
E inspirador. A partir daí o julgamento só podia correr bem. Afinal, correu muito bem. Believe me !
Também é esta a definição de bem comum.
Obrigado, Sr. Mário.



domingo, 28 de outubro de 2012

Tropicália

1967.
Caetano e Gil. Bethânia fora. "Não pertenço a movimentos, cara."
Tropicalismo, social rebeldia. Musical revolução. Ditadura militar. Brasil da "Jovem Guarda". Que não é Bossa. Caetano e Gil, mais Rita Lee e Os Mutantes.
1968. 
Juventude meio fora. "Vocês não estão entendendo nada de nada. Absolutamente nada. Que juventude é essa ? É proibido proibir.", debaixo de uma vaia impossível. Mas vem das entranhas: "É proibido proibir ! É PROIBIDO PROIBIR." 
Só que a Ditadura sempre prende. 
Gil e Caetano. Presos. Chutados p'ra fora.
Mas fica a Gal.

Você precisa saber da piscina,
da margarina,
da Carolina
da gasolina,

"Isso parecia uma tolice, não é ? Isso era uma puta malandragem !", Tom Zé, que explica a 2ª Revolução Industrial. "Pensar é crime.", 1969. "Aqui jaz o Tropicalismo." 
Passagem por Lisboa, "o Tropicalismo acabou", no Zip-Zip, a caminho de Londres e de Isle of Wight. "Não sou hippie, nem escuteiro." Mas Isle of Wight de 70. A Isle of Wight. 
E 1972. Regresso de quem começou a voltar mal exilou. À Bahia, onde mais ?


(para ser lido no português do Brasil)

"Desde que cheguei a Lisboa só oiço falar em crise. Este filme é um filme de um tempo em que o Brasil estava em crise. Mas é um filme também sobre alegria. E a alegria é fundamental p'ra acabar com a crise."

Marcelo Machado, hoje à noite, no Doc. Lisboa, no palco do São Jorge.





sábado, 27 de outubro de 2012

Dr. Jekyll and Mr. Hyde


"I drew steadily nearer to that dreadful conclusion that man is not truly one but truly two."

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Cantar de Emigração

Está tudo errado.
Os amigos começam a não estar. E as saudades não se curam com conversas à distância que se imprimem e se guardam. Que vemos para os vermos a eles. 
Falam-nos das praias de Maputo, da Beira e de construção. Dos negócios em São Paulo. Ou de como jogam mal à bola os bifes lá na City. E retornamos a Luanda.
E nós, que de emigração só sabíamos histórias, agora já as contamos. Porque ficámos cercados de gente que se vai embora.

Adriano Correia de Oliveira morreu há 30 anos.



Este parte, aquele parte 
e todos, todos se vão 

domingo, 21 de outubro de 2012

Lamento, mas Woody é Woody

Depois dos europeus se terem apropriado dele, uma nata de gente autorizada (que colecciona filmes como se fossem cromos), caiu no pior dos vícios: comparam agora vinho novo com os Vintage de antigamente, e nem se apercebem que perdem a oportunidade de saborear os taninos que ele nos oferece.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

"Emmanuelle", aka Sylvia Kristel: 1952 - 2012



... e um grupo de rapazes que aprenderam coisas novas.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Manifestações só em Fátima, sff !

Quando oiço alguém com as responsabilidades de José Policarpo dizer que «Não se resolve nada contestando, vindo para grandes manifestações. Não se resolve nada, nem com uma revolução se resolvia», e que «as manifestações de rua são uma corrosão do sistema democrático.», pergunto-me se o que nos propõe é um retiro, ou que nos agarremos todos ao terço porque só nos resta mesmo é rezar.

Mas em que terra é que vive D. José ?
Não sabe onde mora a poesia ?

domingo, 14 de outubro de 2012

é preciso ir a Havana, para lhe poder regressar um dia



A Cuba. Onde há vida, um povo e cultura. Onde se é pobre e até os ovos são colectivizados. Onde há carácter e há muitos que emigram.
E onde eu penso em Portugal.

sábado, 13 de outubro de 2012

Bagão Félix: subida dos impostos é “napalm fiscal”




Quero o meu dinheiro de volta

Tanta gente a dar-me a volta
Não foi para isto que eu vim cá
Quero o meu dinheiro de volta
Não é tarde, nem é cedo
Quero o meu dinheiro já

Diz-se agora muito por aí
Que a gente vive em liberdade
Pois vamos lá abrir o jogo
Anda cá tu dizer-nos o que vês quando estás bem acordado
Huuum, és logo posto de lado
Isto é se não fores comprado
Aaaaah, mas que raio de fardo

Vejam aqueles velhos no jardim
Aquilo é que é ter pouca sorte
O que é que eles vão fazer à vida
A casa onde eles sempre viveram
Teve que ser demolida
Aaaaah, mas que partida
E a reforma auferida
É que não lhes chega para a comida

- Jorge Palma -

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Seria um notícia bonita, não fosse mesmo Preocupante

"A União Europeia é a vencedora do Prémio Nobel da Paz 2012 pelo seu papel histórico na união do continente. O anúncio foi feito esta sexta-feira, às 10h, pelo Comité Nobel."

in 'Público'

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Thursday Morning, 9 a.m.

Filhos da puta !


"Malala Yousafzai, uma menina paquistanesa de 14 anos, foi hoje baleada no pescoço e na cabeça por extremistas talibã. O ataque aconteceu quando a jovem ia a caminho da escola.
(...)
Mas a jovem Malala Yousafzai, hoje baleada, tornou-se mundialmente famosa quando aos onze anos ergueu a voz contra o encerramento de escolas para meninas. Os talibã não gostaram, no entanto, ela continuou a falar e os talibã puxaram o gatilho."

in TSF

by Kaveh Adel

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Back to Back: the original Sin City

Boardwalk Empire - "2nd Season"

Estes ao menos não faziam de conta que eram o que não eram.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

a República do avesso

Há momentos icónicos na vida de um país.


Paços do Concelho
Cerimónias do 5 de Outubro 2012

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Encontro imediato de Primeiro Grau

Sub-título:

"O meu encontro com o Primeiro-Ministro" *

O dia brilhava lindo e fresco. Os miúdos radiantes para a escola. Rápidos como se fosse o primeiro dia. Depois é que ele percebeu, amanhã é feriado. Ainda.

A Vespa óptima e despachada. A Infante Santo pedia para ser subida. E foi.
A meio da Avenida, começa a sentir a pressão de um mercedão a morder-lhe os calcanhares.
A Vespa ia na faixa da direita e não se intimida. Nunca o faz. Acredita no Orwell. Somos todos iguais. É um bocado atrevida. Tem a mania, dizem.
Sobe a Avenida, à direita, e mantém-se à direita.
Mas aquele mercedão começa a empurrá-la para a berma. Quer mesmo que ela encoste. Que saia do caminho. Talvez mais. Está furioso e destila acelerador.
Mas que merda é esta ? A Vespa não perde para um mercedão !
Mas o mercedão é grande, arrogante e cinzento, e quer ver se a Vespa se aguenta sem ir ao chão.
Não dá, pensa. Desiste do primeiro braço de ferro. Hoje não é dia para o hospital. A Vespa não quer arranhar-se nem aleijar o dono, e chega-se mesmo para lá.
Mas a Vespa é teimosa e não gosta de mercedões que a querem atirar para a berma.
Persegue o mercedão. Quer tirar satisfações. Quer dizer-lhe duas.
É quando ouve um segundo carro, logo atrás, que acelera e pressiona, e tem uma sirene, que se liga e já está feita louca perseguindo agora a Vespa. Vem à paisana e assustou-se. Porque a Vespa persegue o mercedão que a quis atirar para o chão.
A Vespa já percebeu. Os detrás são uns vigias ou uns macacos. Mas quem é que vai lá na frente ? Quem é o dono do mercedão ?
A Vespa continua. Está insaciável de curiosidade. Esta não me tiram. Quer explicações. Quem é o desgraçado que a quis derrubar ? Quem é que não quer saber de quem vai à direita ? Quem é que ultrapassa pela direita e quase mata para chegar primeiro (ao semáforo...) ?
E os vigias na peugada. Que perdem para o transito.
A Vespa furou e passou, aproxima-se agora do cinzento mercedão, olha para dentro e vê: no lugar do morto vai o Pedro ! O Passos Coelho, sim.
Este, esfíngico, olha em frente, imperturbável, sabe lá quem é a Vespa. E não pede desculpa. Claro.

A Vespa tem mesmo de se segurar. Tem vontade própria e queria dar um pontapé àquele malvado mercedão. Mas depois controla-se. Afinal, não se bate em meninos. E tolos.
Já não há raiva. Sorriu e seguiu o seu caminho. Não foi identificada. Julga.


* Ok, não foi um encontro. Foi uma razia. Um chega-para-lá.

"É um enorme aumento de impostos", by Vitor Gaspar

Cobre-te canalha
Na mortalha
Hoje o rei vai nu

Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu

Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão
Sempre à tua frente
Viste gente
Doutra condição

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

'Coro da Primavera', in "Cantigas de Maio", José Afonso, 1971

'Cause I'm Vitor Gaspar

"Ministro das Finanças anuncia medidas alternativas à mexida na TSU"




Let me tell you how it will be
There's one for you, nineteen for me
'Cause I'm the taxman, yeah, I'm the taxman

Should five per cent appear too small
Be thankful I don't take it all
'Cause I'm the taxman, yeah I'm the taxman


If you drive a car, I'll tax the street,
If you try to sit, I'll tax your seat.
If you get too cold I'll tax the heat,
If you take a walk, I'll tax your feet.

Don't ask me what I want it for
If you don't want to pay some more
'Cause I'm the taxman, yeah, I'm the taxman