O futebol é alegria. E no futebol alegria é golo. O desejo constante. Eternamente renovado.
Em três anos de Benfica, Rodrigo Lima, o incansável batalhador, venceu 2 campeonatos, 3 taças da Liga, 1 taça de Portugal, 1 supertaça. E assinou duas finais europeias.
Marcou golos de todas as formas e feitios. De cabeça, com remate cruzado, de livre directo, à entrada da área, encostando a bota, até com a anca, no Porto, onde bisou, maravilha ! Fez golos depois da hora, definitivos, que são aqueles que resolvem um jogo.
Lima é dono de cativo na Luz, por direito.
Mas nunca chega. Para o adepto nunca basta. Para o avançado também não. Ambos vivem numa luta injusta, o que é justo. Sempre à procura da alegria irrepetível que é quase febre. O tal orgasmo que nunca se sabe quando aparece. Segredo inesperado que sempre se espera. Do sonho de ouvir a bola aninhar-se nas malhas e do uníssono grito que logo ensurdece. E um não é um sem o outro. Depois vem o beijo na camisola, os abraços incontidos. Os olhos que lacrimejam e os lábios que sorriem.
A paixão do avançado pelo golo que é o vértice do adepto na bancada.
Lima deu-nos tudo isso. A esperança no futebol. A alegria do povo. O melhor que alguém nos pode propor. A vertigem de acabar onde tudo deve.
Mas nunca como nas meias contra a Juventus. Jogo empatado. 84 minutos e um monumento erguido em três segundos. Mesmo que ainda faltasse ir a Turim, ali o Benfica já era final.
domingo, 26 de julho de 2015
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Insubmissão
É este o comentário que a polémica do dia me merece.
Recordo que não jogava a Inglaterra, o jogo não era em Inglaterra e o jogador não é inglês.
Isso, e relembremos também que este ano o 6 Nações foi "nosso".
Recordo que não jogava a Inglaterra, o jogo não era em Inglaterra e o jogador não é inglês.
Isso, e relembremos também que este ano o 6 Nações foi "nosso".
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segunda-feira, 20 de julho de 2015
One-on-One
Se vê-los em separado já foi magia, juntos foi mítico.
Herbie Hancock e Chick Corea
(vieram a Oeiras)
(vieram a Oeiras)
sábado, 18 de julho de 2015
Best Of
Não é fácil constatarmos que já passaram 20 anos. Nunca é.
Parece muito tempo e, de certa maneira, é.
E não é fácil prepararmo-nos para rever uma banda ao vivo passado todo esse tempo. É arriscado. Perigoso. Em dia-não, podemos mesmo sofrer a desilusão de quando se cresce e se percebe que o mundo é afinal mais pequeno do que pensávamos. E tudo afinal não passou de um borrão (blur). Pode ser a ruína.
Há 20 anos os Blur vinham tocar ao Coliseu de Lisboa. Coisa nova para estes lados.
A sala transpirava de cheia. Vinham na tournée de 'Great Escape', já o quarto álbum.
Quatro rapazes que tinham inventado a brit pop. No auge dos pólos Fred Perry e da guerrilha com os Oasis.
Damon Albarn haveria de terminar o concerto em cima de uma coluna de 3
metros de altura. No final talvez se tenha projectado. Depois viriam as canções para o Trainspotting.
Na altura, a vida estava apenas no princípio. Não havia facebook, nem telemóveis.
A faculdade ainda era só começo. O liceu ficava finalmente para trás e o que nos prendia à infância e que já
morria. The Great Escape éramos completamente.
Queríamos escalar todos os degraus e ir para o centro do universo. Instantaneamente. Onde a acção acontecia.
O mundo era novo e tínhamos uma vida inteira para ir e regressar. Sem rede e de pulmões escancarados,
com a paixão de quem respira de verdade.
A vida mudou e o mundo ficou estranho. Estamos mais
velhos, temos famílias, profissões, somos responsáveis e temos pessoas que dependem de nós. Já não viajamos com os amigos nos comboios da Europa. Lemos imensas coisas, ouvimos muito mais. Estamos diferentes.
Cometemos erros, não cumprimos todas as promessas, mas ainda tentamos fazer a diferença. Dia-a-dia. So we say.
Os Blur têm todos 40 anos, e nós quase. E por isso recebíamo-los com o desdém de quem já anda nisto há algum tempo. Copo de cerveja na mão, sentado e bem reclinado para trás, exibindo indiferença. Não pensem que vai ser fácil. Que é só chegar. Vão ter de provar tudo outra vez.
Primeira canção. Novo álbum. Nem me levantei. Quanto mais palmas.
Só que eles vinham em missão e, logo à segunda, "There's no other way", para mostrar que quem mandava ainda eram eles e não o céptico ali do canto.
A partir daí, rendição total: Beetlebum, Song 2, Coffee and Tv, Parklife, No Distance Left to Run, Tender, Girls and Boys, To the End, This is a Low, For Tomorrow, Out of Time, e terminar com o absolutismo de Universal. Digo de cor e não pela ordem certa. E sempre recusando ceder à previsibilidade de um Country House que podia estragar tudo.
Os Blur regressaram a Lisboa e afinal
continuaram. Mas melhores. Quem se desmoronou fomos nós.
É a isto mesmo que se chama crescer. Mudarmos sem perder.
E é isto The Magic Whip.
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sexta-feira, 17 de julho de 2015
"O Syrisa já está destruído. Podemos agora salvar a Grécia ?"
«Chegará o momento em que tiraremos as mãos das carteiras e as poremos na consciência. Chegará o momento em que já não veremos os ricos que roubaram mas os pobres que ficaram. Em que não quereremos ressarcimento mas reparação. Em que perceberemos que não se pede sequer solidariedade, mas piedade. Em que nem os sádicos se divertirão com a espetáculo degradante dos políticos gregos. A União Europeia foi longe de mais na violência estéril e vingativa. Para destruir o Syriza está a ceifar-se um povo. Já não é indignação, é súplica: SOS Grécia. E se tudo o resto falhar, apele-se à inteligência, que não é de esquerda nem de direita, pois é preciso mudar aquele plano que, além de horrível, é burro, é mau, é pior para todos.
(...)
O bloco liderado pela Alemanha ficou tão furioso com o desplante do senhor Alexis Tsipras na marcação do referendo que quis devolver-lhe em dobro a lição de superioridade. Até se percebe a fúria, que segundo os relatos da reunião de domingo do Eurogrupo fez com que o senhor Wolfgang Schäuble berrasse. Alexis Tsipras foi arrogante, marcou um referendo pérfido e achou-se nimbado de invencibilidade com os resultados, como se fosse dar uma tareia moral aos demais estados membros. Mas a Alemanha quis tanto destruir o Syriza, por vingança e por dissuasão a que outros países elejam partidos radicais, que perdeu a noção da força. Mais um pacote recessivo vai destruir mais economia e mais emprego numa economia já exangue.
A vitória sobre Tsipras foi retumbante. Até o perdão da dívida, que o Syriza sempre reivindicou, é agora formalmente admitida pelo FMI, mas de forma a culpar o partido, que não tem nada para mostrar. É ridículo ouvir Alexis Tsipras dizer que assinou um acordo em que descrê. É degradante vê-lo tripudiar o próprio Syriza e ancorar-se nos deputados dos partidos que detesta e que o detestam a ele. É assustador ouvir a presidente do Parlamento (que pertence ao Syriza e se junta aos 40 deputados que se afastaram de Tsipras) falar em genocídio social. Mas a humilhação suprema talvez seja ver Tsipras dizer que não há alternativa. Tsipras, o temível mastim indomável, está amestrado como um caniche. Dá dó. A direita rejubila. Também dá dó. Porque ninguém para, escuta e olha para perceber na loucura que estamos a patrocinar.
(...)
Os gregos estão desesperados porque a situação é desesperante. Coloquemo-nos no lugar deles por um minuto: um governo de extrema esquerda ajoelhado depois de cinco anos de tareia, de desemprego e de austeridade, depois de décadas de corrupção e roubo institucionalizado com os governos de centro. E o que lhes dizem que se segue? Pobreza. Talvez a esta hora também estivéssemos na rua.»
in 'Expresso', por Pedro Santos Guerreiro
quarta-feira, 15 de julho de 2015
Our beautiful island
"Já não vínhamos à beautiful island of Lisbon há 9 anos."
Assistir a um concerto dos Lambchop é um momento raro. 9 anos tem a minha filha mais velha. E, por isso, perder essa hipótese não é bem uma opção.
Em semi-círculo, no recato sagrado da Sala 1 do São Jorge, fora do pó e dos festivais, e apoiados na guitarra e voz Nashville de Kurt Wagner (nasal, grave e bem modulada), o "carpinteiro" soletra versos ensopados em melancolia, construídos como quem trabalha a madeira. Até ao polimento final.
A noite estava boa e eu penso no amigo longe, que agora vive nos antípodas e vê o sol nascer sempre quente, mesmo quando noita. E como ele não teria perdido serão assim, se ao menos estivesse mais perto da nossa beautiful island.
Zooropa II
Miguel Sousa Tavares e Pedro Santos Guerreiro esclarecem.
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Zooropa I
And I have no compass
And I have no map
And I have no map
And I have no reasons
No reasons to get back
No reasons to get back
And I have no religion
And I don't know what's what
And I don't know the limit
The limit of what we've got
(...)
And I don't know what's what
And I don't know the limit
The limit of what we've got
(...)
Don't worry baby, it's gonna be alright
Uncertainty can be a guiding light
I hear voices, ridiculous voices
Out in the slipstream
Let's go, let's go overground
Take your head out of the mud baby
'Zooropa', U2, 1993
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segunda-feira, 13 de julho de 2015
Buenos Aires - 13° dia
"Los lanzallamas".
Continuámos a correria de ontem, quase louca, obsessiva (pelo menos para mim), pelas livrarias de B. A.. Continuávamos sem o livro. Estávamos quase a regressar a Lisboa e não podíamos voltar sem ele. Engraçado como tudo o que é raro, só por isso, ganha logo outro valor.
Meio dia já tinha voado e nada.
Recuperámos o fôlego no 'La Confiteria Ideal' com mais um café. Na porta de entrada, um empregado areava os metais.
Prosseguimos. Quando já estava pronto a desistir - caramba ! também não era a morte do artista ! - demos com uma pequena, e quase imperceptível, livraria. Daquelas que não se faz ouvir e anunciar. Que não tem grandes placas e que só fala em silêncio. Que é porta para quem procura. Mas só para quem é família ou quem tem fé.
Lá dentro, nas prateleiras, uma boa milena de livros. Deixa perguntar.
No balcão, uma senhora já com uma certa idade. Estranhava aquele par de malucos que entraram ávidos, aos tropeções, como se viessem atrás de água ou fugissem de alguém.
Deixa perguntar. Com esforço, em sussurro, quase em segredo, quase descrentes, prontos para mais um Não.
"Los lanzallamas", de Roberto Arlt ?
Sim, tenho.
Não podia acreditar. Pela expressão da sua cara, talvez a tenha ferido com um brilho inédito dos meus olhos. Talvez se tenha sentido como Santa num altar, o que, vendo bem, não deve ser agradável.
Subiu uma escadinhas de madeira, meio tortas, que obviamente rangiam, desceu, e eis-nos finalmente com o "Graal" na mão.
Pasmei um bom bocado, demorando-me a ler as letras da capa. Para ter a certeza de autor e título. Era verdade. A busca terminara. Pagámos 60 pesos e viemos com o troféu debaixo do braço.
Faltava, porém, fazer uma última coisa em Buenos Aires.
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sábado, 11 de julho de 2015
quarta-feira, 8 de julho de 2015
terça-feira, 7 de julho de 2015
Maria de Jesus Barroso (1925 - 2015)
Abafai
meus gritos com mordaças,
maior será a minha ânsia de gritá-los!
maior será a minha ânsia de gritá-los!
Amarrai
meus pulsos com grilhões,
maior
será minha ânsia de quebrá-los!
Rasgai
a minha carne!
Triturai
os meus ossos!
O
meu sangue será a minha bandeira
e
meus ossos o cimento duma outra humanidade.
Que
aqui ninguém se entrega
-
isto é vencer ou morrer -
é
na vida que se perde
que
há mais ânsia de viver!
'Prometeu', Joaquim
Namorado
(poema pós-editado, depois de envio pelo Pai)
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segunda-feira, 6 de julho de 2015
domingo, 5 de julho de 2015
sábado, 4 de julho de 2015
Memory Motel
You're just a memory of a love
That used to be
You're just a memory of a love
That used to mean so much to me
She got a mind of her own
And she use it well
Well she's one of a kind
She's got a mind
She got a mind of her own
And she use it mighty fine
(...)
You're just a memory of a love
That used to mean so much to me
You're just a memory girl
You're just a sweet memory
And it used to mean so much to me
'Black and Blue', 1976, The Rolling Stones
quinta-feira, 2 de julho de 2015
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