O Psycho Loco vai começar a aparecer-te em casa para te pedir favores. Vai pedir-te uma chávena de açúcar, que guardes a arma dele, vai agarrar a tua irmã pelo pescoço e pedir-te por favor que digas à polícia que ele passou a noite em tua casa a jogar Scrabble, merdas desse tipo. Estás envolvido, puto. Vais ter de respeitar outras coisas para além de ti mesmo. Conheces o ditado "O destino escolhe os nossos parentes, nós escolhemos os nossos amigos"?
- Malheur et Pitié, canto um, 1803.
-Bem, aqui na rua, essa cena funciona ao contrário. O destino escolhe os teus amigos e tu escolhes a tua família. Neste buraco, toda a gente começa órfã. Gunnar, vais ter de respeitar o Psycho Loco, o bairro e a forma como as coisas são feitas aqui. O Psycho Loco e os Gun Totin' Hooligans tentam matar pessoas. Pessoas que, segundo a sua percepção do destino, são inimigas. Não são os Hatfields e os McCoys, ninguém tem uma certidão de nascimento a dizer Joe Crip ou Sam Piru e não conheço nenhum mano com o sobrenome Hooligan - bem, talvez alguns bacanos irlandeses. O que interessa é que se o Psycho Loco diz que és amigo dele, não há nada que possas fazer. São amigos porque ele diz que são. Agora, pode haver um otário qualquer na outra ponta da cidade que acha que é teu arqui-inimigo simplesmente porque o Psycho Loco gosta de ti. É o destino, puto. Talvez as pessoas com dinheiro possam virar o destino a seu favor, mas nós não. No caminho para aqui vi o poema que escreveste. Havia um grupo de gajos a lê-lo como se estivessem a olhar para uma lista de procurados pela polícia. Ya, mano, tens 13 anos e já estás envolvido.»