quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Fax de Sarajevo


Às vezes é preciso lembrar que à beira do século XXI houve uma guerra em plena Europa que quase acabou com um povo e uma nação. Uma guerra onde morreram centenas de milhar de pessoas. Civis. Pessoas como nós. Crianças, muitas, alvos predilectos dos snipers genocidas que ganhavam por cabeça.
"Faz de Sarajevo" descreve a história de Ervin Rustemagić e da sua família durante o cerco que, entre 92 e 96, as tropas militares e para-militares sérvias de Milosevic, o carniceiro dos Balcãs, fizeram à cidade. Limpeza étnica.
Isolado e sem quase poder sair à rua, Ervin (amigo do autor Joe Kubert) dispunha apenas de um fax para contactar com o exterior e relatar as atrocidades que todos os dias eram cometidas naquele pedaço de Bósnia, por entre o rebentamento de obuses, tiros e granadas, e enquanto o resto do mundo assistia pela televisão a mais uma tentativa de extermínio. 

Três anos depois da guerra estive em Sarajevo. Já aqui contei. De como encontrámos a cidade. Semi-destruída. De olharmos para o edifício do Parlamento estilhaçado e rebentado pelos morteiros. E do "Holiday Inn", onde Ervin, a mulher e os filhos acabaram por conseguir se refugiar, quando perderam a casa. De como tropeçávamos em parques convertidos em cemitérios. E da estação de comboios, deserta e a abandonada. 
Às vezes é preciso lembrar que à beirinha do século XXI houve uma guerra em plena Europa. 
"Is there a time for human rights ?"


domingo, 27 de janeiro de 2019

Vhils no Panorâmico


E nós também.
Há muito que O Panorâmico não é o restaurante sumptuoso frequentado pelas celebridades e figuras do Estado Novo no Portugalzito do final dos anos 60. Desprezado e quase destruído, ficou esqueleto e refúgio de toxicómanos. Agora de artistas e graffiters, ou dos sem-abrigo, como se percebe pelos restos de carvão de uma fogueira recentemente apagada numa das salas de jantar. Mas Monsanto continua cá. E a vista incrível do alto para toda a cidade, em 360 graus, depois de andarmos um bocado na estrada da Bela Vista. 
E Marielle.  

sábado, 26 de janeiro de 2019

"just talking about living"




Faltam 24 dias para fecharem o Monumental.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Roma, Cidade do México


Faltam 30 dias para fecharem o Monumental.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

as leituras do Junior


"Pai, o velho devia gostar mesmo do Mar."

domingo, 13 de janeiro de 2019

"o que está nas lojas ainda não pertence a ninguém"


(faltam 38 dias para fecharem o Monumental)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Mamma, Mamma Mia....


Ser Pai também é isto.
Desde que a abelhinha lá de casa descobriu que a mana mais velha tinha o disco, já o deve ter posto a tocar umas 100 vezes !!!

domingo, 6 de janeiro de 2019

Dia de Rei(s)


Benfica 4 
Rio Ave 2

"Os peixes nas redes", by MEC


[Livraria da Travessa, Rio de Janeiro, 2015]

«Estou numa esplanada onde não há rede. Vejo um rapaz com onze ou doze anos de braço esticado a olhar para o telemóvel. Diz sempre "no service". Faz isto durante uma hora inteira. Não fala com os pais. Não abre um livro. Não olha para a paisagem. Não brinca. Tem sempre a mesma expressão chateada e desiludida. Sente-se que não é a primeira vez que isto acontece.
Eu estou a ler no meu Kindle. Mas parece que estou na Internet. O rapaz deve pensar que eu consegui rede. Na volta, é por causa disso que o desgraçado não desiste.
Passa uma pessoa atrás de mim e percebe que estou a ler. Comentário dela: "Grande seca!" Não compreendi. Respondi: "Não! Estou a ler o..." mas já não deu para acabar. Há décadas que ninguém me pergunta o que estou a ler. Estou habituado.
Depois percebi. A grande maioria das pessoas já não associa a leitura ao prazer. Só pode ser isso. Lêem para estudar, para aprender, porque pensam que lhes faz bem ou dá jeito. Mas não lêem pelo prazer de ler, de ser transportado para outros mundos, onde não sabemos o que vai acontecer - ou sabemos mas gostamos de lá voltar, à procura duma coisa diferente em que não tenhamos reparado.
O que não há nos livros — e é por isso que é um tão grande alívio — é o eu. Não estou lá de maneira nenhuma. Só há outras pessoas. O mal das redes sociais é o eu-eu-eu e o meu-meu-meu e o vício de usar os likes como um espelho de tique-tiques.
O prazer de ler — ficar absorto, desaparecer, ficar pendurado — é uma solidão acompanhada, uma viagem sem fim e sem esforço.»

in Público, 4.01.2019

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Does God exist ?


«I don’t have any evidence either way, but I am not sure that is the right question. For me, the question is what it means to believe. The thing is, against all my better judgement, I find it impossible not to believe, or at the very least not to be engaged in the inquiry of such a thing, which in a way is the same thing. My life is dominated by the notion of God, whether it is His presence or His absence. I am a believer – in both God’s presence and His absence. I am a believer in the inquiry itself, more so than the result of that inquiry. (...)
In the end, with all respect, I haven’t the stomach for atheism and its insistence on what we know. (...) I share many of the problems that atheists have toward religion – the dogma, the extremism, the hypocrisy, the concept of revelation with its many attendant horrors – I am just at variance with the often self-satisfied certainty that accompanies the idea that God does not exist.»