O golo de Van Persie à Espanha do tiki-taka imperialista, unânime e ditador, não é apenas esteticamente lindo e perfeito na execução. Não é apenas um golo que empata uma partida a dois minutos do intervalo e que projecta uma recuperação iminente. Não é justiça justa e feita no solo e não no céu. É uma vendeta pelas próprias mãos ou, neste caso, cabeça. Não é só poesia atlética e habilidade em movimento perpétuo. Não é um fogo-fátuo. É um alívio ! É ar novo. Diz parece que Breath in the air.
É uma contradição. É um tratado anti-gravidade e a antítese fatal do futsal tiki que morre a bola de cansaço. É um tiro na dormência. É o tempero do bife.
Um mergulho de peixe encorpado que termina numa cabeçada-chapéu em voo é impossível ! e teria partido as costas, o pescoço e o focinho a qualquer um.
Robbie Van Persie mostrou ao mundo inteiro que, quando se trata de enfiar a bola na baliza, tudo vale e a física não entra em campo.
Que há sempre um momento de revolta e libertação e que nada dura para sempre.
Que primeiro é o fim do mundo, depois vem o princípio de tudo.
E é aqui que os deuses do Olimpo agradecem ao homem ter nascido homem e inventar coisas que nem eles sonharam.