terça-feira, 30 de outubro de 2018

domingo, 28 de outubro de 2018

Roma eterna


«Na primeira visita à Questura na Via Genova, junto à Via Nazionale, saímos de mãos vazias, porque chegámos às oito da manhã e já não havia senhas. No dia seguinte, estávamos na bicha antes das seis e conseguimos entrar, rodeados por uma maré humana heterogénea, no pátio do edifício. Ao fundo, havia um postigo a que tínhamos de ir, um a um, com o passaporte e o contrato de trabalho. Com centenas de pessoas à espera, o postigo abria e fechava a espaços: agora atende-se, agora não. Aproximei-me para verificar o que se passava lá dentro e vi um cavalheiro com uns 30 anos e uns enormes óculos de sol a folhear La Gazzetta dello Sport. Quando encontrava uma notícia interessante, ou se aproximava dele um colega de trabalho para fazer algum comentário importante sobre o joelho do Totti ou o esquema táctico da Roma, o cavalheiro dos óculos escuros fechava o postigo; passada a emergência retomava o contacto com os cidadãos. Vão pensar que estou a inventar isto. Quem me dera.
(…)
Certa tarde, a caminho do meu escritório no La Repubblica, vi um miúdo a arrombar a porta de um carro no parque da estação Termini. Dois carabinieri aproximaram-se por detrás, agarraram-no pelos braços e algemaram-lhe as mãos atrás das costas. Nada de especial, uma simples cena quotidiana. Mas eu sou daquelas pessoas que, só para não irem trabalhar, estão dispostas a entreter-se com qualquer coisa, e fiquei a ver.
Um dos agentes foi-se embora e o outro ficou com o detido e encaminhou-se para a esquadra da estação. Lá iam eles, quando tocou um telemóvel, o do carabinieri. Levou-o ao ouvido e disse "ah, sí, mamma", ao mesmo tempo que dirigia um gesto de desculpa ao ladrão de carros. O miúdo assentiu, compreensivo, e ficou à espera, olhando ora para o céu ora para os sapatos, enquanto o carabinieri ouvia da mãe o que, a julgar pela cara dele, deduzi ser um reprimenda.
A fim de uns minutos, desligou e pediu desculpa ao detido: 
- Scusami, lo sai come sonno le mamme…
- Lo so, lo so, signor carabinieri, per carità… - respondeu o preso, com um gesto de compreensão infinita.»

terça-feira, 23 de outubro de 2018

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

"Nobody knows what awaits for the dead"

Eu, por exemplo, nunca pensei ir ver a Lady Gaga ao cinema, mas passei a chave do carro à minha dona e à filha mais velha. Para chegar ao cruzamento. De Cooper na música e Gaga nos filmes. 
E sem stops ou sinais vermelhos. Agora dou-lhes um beijo.


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

É óbvio !

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

One Day in his Life


«Who among those so-called humanitarians who had kept their silence on the H-Blocks, who among them could put a name on this type of humiliation and torture, when men are forced by extreme torture into the position that they had to embark upon a dirt strike to highlight the inhumanity poured upon them ! How much must we suffer, I thought. An unwashed body, naked and wrecked with muscular pain, squatting in a corner, in a den of disease, amid piles of putrefying rubbish, forced to defecate upon the ground where the excreta would lie and the smell would mingle with the already sickening evil stench of urine and decaying waste food. Let them find a name for that sort of torture, I thought, rising and moving towards the window to seek fresh air, the beatings, the hosing-downs, starvation and deprivation, just let them bloody well put a name on this nightmare of nightmares.

(...)

I find it startling to hear myself say that I am prepared to die first rather than succumb to their oppressive torture and I know that I am not on my own, that many of my comrades hold the same. And I thought of my dead comrades again. My friends who had stood beside me one day and were dead the next. Boys and girls just like myself, born and raised in the nationalist ghettos of Belfast to be murdered by foreign soldiers and lecky sectarian thugs. How many have been murdered at their hands throughout the occupied Six Counties. Too many ! One boy or girl was too many ! How many more Irish people would die ? How many more lives would be lost before the British had decided they had murdered enough and were forced to get out of Ireland forever ?»

terça-feira, 16 de outubro de 2018

passagem do testemunho


Imagem relacionada

- Pai, we're afraid of no ghost. 

(diminuindo o tamanho da lista)

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Smells like Teen Spirit

A vida começa a mudar. A tua infância de menininha vai ficando para trás, depressa e ao ritmo dos passos com que desapareces a caminho do Liceu. Como areia por entre os dedos, dizia o meu Avô. Desces a rua e lá vais tu, sozinha. Deixando os manos e as primas na saudade de já não irem contigo para a escola. Livre (que é a melhor sensação que há no mundo), e responsável. Agora com a chave de casa e o cartão do sétimo ano na mochila. Com mais trabalho, mais disciplinas e cadernos debaixo do braço. Mas também com a música dos altifalantes da Secundária nos intervalos. Vais conhecer outra gente e outros lugares e descobrir novas bandas e os teus Nirvana. E vais procurar novos livros e filmes que nunca viste. Vais aprender. Muito muito mais. Coisas que nem eu próprio sei e que me vais ensinar. Todos os dias vão contar, e tudo for realAos poucos virão novos amigos e alguns desgostos. E sensações que vão brotar com a força do mundo inteiro. Intensa e apaixonadamente. Que irás somar e colar na tua caderneta. Os teus olhos vão brilhar muito e sorrir imenso, e, de vez em quando, murchar um pouco. Nuns dias talvez acordes furiosa, noutros encher-nos de beijos. É um bocado assim. Serás a mesma embora diferente. E toda a roupa deixará de te servir. Vais precisar de novos tops e vai haver coisas que só vais falar com a tua mãe, porque vais crescer. E a vida vai deixar de ser só bela para ser muito mais interessante. E vai ser linda. E tu mulher... zinha.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Aznamour (1924 - 2018) *



* assim o chora a minha Mamazita.