sexta-feira, 22 de julho de 2011

O sítio que faltava no Bairro


[rasputine]

Tropecei neste sítio numa cidade do interior, antes conhecida pela força da produção dos têxteis, hoje por ter sido onde nasceu o ex-PM, ou por qualquer outra coisa sem interesse. Para mim o sítio certo num dia seco e ice-cold de inverno com o sol por cima da Serra.
Tínhamos ido cumprir o ritual católico de enterrar a última Avó. A velha Avó. A Avó rija. A Avó dura de sorriso triste. A quem nunca esqueci um beijo, sempre que tinha tribunal na Covilhã. Dizia-lhe: "venho fazer uma visita de médico, embora seja advogado", piada que era do Avô do Porto que era de Lisboa. Ela sorria, triste, fazia-me uma festa na cara com a mão óssea. Que eu era "uma jóia". Oferecia-me um licor. "Não Avó, vou conduzir." "Então, um vinho do Porto.", insistia.
Tropecei numa loja que não é loja, é arte.
À saída da Capela mortuária, depois de me desenfiar do velório, entrei na

Fora de Serviço
http://www.foradeservico.com/

Andei lá por dentro a pegar em coisas, todas originais, todas objectos banais, salvos da rua, transformados noutras coisas, adaptados, trocados da sua função, pensados, criados.
Conversei bastante com o dono - tipo de 30 e poucos - que se queixava da falta de negócio. Disse-lhe que tinha que vir para Lisboa. Que conhecia um sítio perfeito.
Quis trazer um disco de vinil que eles tinham moldado com calor e feito pote. Como sou chato, pedi se não colocavam uma outra label no centro do disco diferente da que estava: Led Zeppelin II.
"Sem problemas." Então fica com a minha morada e manda-me por correio a cobrar no destinatário, ok ?
A Loja que não é loja, porque é arte, e como é arte e não é loja, não se preocupa com miudezas. Não me enviou nada e já lá vão meses.
E assim, a loja que não é loja, nunca vai ser loja e... explica bem o nome.

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