terça-feira, 30 de maio de 2017

O terceiro filho da Loba



Amo Roma. Desde que lá comecei a ir, tinha 13 anos. Depois voltei. Uma, duas, três vezes. Na última nem podia andar, mas fomos felizes numa Vespa à Nanni Moretti que tornou o mapa mais fácil e permitiu a viagem, desenhando esses e mais esses por todas as ruelas e avenidas. De que saltávamos para um gelato e um café. 
De Roma guardei sempre o prazer pela vida. A alegria e o apetite pelas coisas boas e lindas que ela nos pode dar. Fosse num beco da via Margutta, na 'Fabriano', onde se compram lápis e cadernos, ou numa igreja onde nunca entrámos antes e cujos tectos nos comovem, e que nos salva do calor ocre e húmido antes de nos mandar para uma esplanada no Campo dei Fiori. A Grande Beleza. 
Amo Roma.
E Totti é tutta la Roma. Não precisou de vencer muitos títulos pela nossa amada cidade, mas é. Um campeonato, duas Taças de Itália e duas Supertaças. E essa história acaba aqui.
Não é, então, por isso qu'il Capitano ganhou o respeito da história. Nem sequer por ter sido campeão do mundo, quatro meses depois de uma fractura do perónio de que recuperou contra médicos e prognósticos, só porque queria. Como se antecipasse o destino que o faria desempatar um 0-0 horrível no prolongamento dos oitavos de final contra a Austrália com um penalty marcado ao ângulo. Não. Não é por isso.
É que no mundo-cão do futebol é coisa rara tanta devoção por um só clube e pela cidade que nos criou. No meio de tanto mercenário, de centenas que só vêem fama, instagram, prémios e dinheiro, este príncipe fez diferente e escolheu o amor puro. Que só se tem quando se é menino. Pela terra e pela família. 
E, mesmo que o tivessem dado tantas vezes como acabado, sempre com a alegria de quem ainda brinca no bairro. Sempre com um bocadinho mais de Arte para oferecer... bem, a... todos. 
Agora, com 40 anos (olha outro desta geração), fez o último jogo pelos giallorossi e diz que tem medo. Vai deixar a loba do Capitólio e eu não sei quem fica mais órfão: se ela, se nós, que amamos o futebol e o eterno regresso a Casa.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Dobradinha é triplete

Tenho um amigo que diz que é do tempo em que não se celebravam os títulos do Benfica.
Eu também era desse tempo, não somos ?

... mas há coisas que ainda nos comovem.


(Bento, via mano)

domingo, 28 de maio de 2017

sábado, 27 de maio de 2017

Resgate


(Miró, pela Carmo)

Salvaram os Miró. Do naufrágio que Portugal era. Recuperados do desespero para um país que nem sempre entende a sorte que também ocorre na desgraça.
Em Abril, Serralves - que também é casa - ofereceu-nos o pecúlio do resgate.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

o ECOBOL é isto mesmo




in 'Público'

"Carta a um filho após o atentado de Manchester", por JMT

«Ainda há cinco dias estavas no Meo Arena a assistir ao filme-concerto do Harry Potter – tenho pensado nisso nos últimos dias. Aquilo que aconteceu em Manchester poderia ter acontecido em Lisboa. Nós temos a sorte de viver num país pequeno, com uma comunidade muçulmana pacífica e integrada, mas os terroristas islâmicos odeiam da mesma forma ingleses, americanos, franceses, belgas, alemães, suecos ou portugueses – não porque lhes tenhamos feito alguma coisa, mas porque não aceitam a maneira como vivemos. Odeiam-nos por aquilo que somos, e esse é o pior ódio de todos. Para eles, o bem que possas fazer ao longo da tua vida não compensa todo o mal que representas neste momento. É uma ideia horrível, eu sei, mas não desesperes: cada um de nós tem a arma certa para combater essa ideia. O papá, a mamã, os teus manos – e tu também.
Desde logo, perante tanto ódio, a primeira coisa que deves sentir não é medo, mas gratidão. Uma gratidão profunda por teres tido a sorte de nascer em liberdade, num país democrático, onde cada um de nós – e também os partidos, o Governo, os tribunais – acredita que todas as pessoas têm os mesmos direitos, sejam elas velhas ou novas, ricas ou pobres, cultas ou analfabetas, homens ou mulheres, cristãs, muçulmanas ou ateias. Os terroristas islâmicos não aceitam isso. Aliás, eles odeiam tais ideias. Mas foram esses princípios, pelos quais muitos homens bons e corajosos lutaram e morreram ao longo dos séculos, que nos deram tudo o que temos: a paz, a prosperidade, a possibilidade de cada um alcançar os seus sonhos se trabalhar o suficiente e tiver suficiente talento. Eu sei que tu nunca conheceste outra forma de viver, e dás isso por adquirido, mas há muita gente que não tem a tua sorte. Tens o dever de honrar a memória de todos os que lutaram – e ainda lutam – pela liberdade. Outra coisa que tens de fazer, apesar de todo o horror que vês na televisão, é lembrar-te que por cada gesto de ódio há mil gestos de bondade. Por cada terrorista que se faz explodir há mil pessoas que ajudam as outras, que as levam a casa, que lhes dão abrigo, que curam as suas feridas, que as consolam. A esmagadora maioria das pessoas à tua volta é gente boa, que todos os dias dá o seu melhor. Nunca, mas nunca, cedas ao desespero de achar que no mundo a maldade supera a bondade. Se nós hoje vivemos muito melhor do que há mil anos, se hoje em dia o mundo é um lugar muito menos violento, é porque no coração do ser humano a luz ganha às trevas. Pode não ganhar todas as vezes. Pode não ganhar durante muito tempo. Mas a bondade, o amor e a justiça são para nós o que os dentes e as garras são para os predadores – instintos preciosos que preservaram a nossa espécie ao longo de milénios. E nunca te esqueças: apesar do teu tamanho e da tua idade, já tens a arma mais importante de todas para combater estes homens terríveis. Esquece as pistolas e os coletes à prova de bala – a melhor forma de derrotar os terroristas é continuares a fazer o que fazes todos os dias. Não deixares de ir a um concerto porque tens medo. Não deixares de viajar porque tens medo. Não deixares de ser simpática para quem é diferente de ti porque tens medo. Podes sentir medo, claro. Mas a tua coragem deve superar esse medo. Numa guerra onde há quem queira destruir tudo o que amas, continuares a ser quem és e a fazer o que te apetece é a mais bela forma de resistência.»

João Miguel Tavares, in 'Público'

quarta-feira, 24 de maio de 2017

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Say Hello 2 Heaven

 

Chris Cornell (1964 - 2017)

quarta-feira, 17 de maio de 2017

"Dirt Road Blues" *

«On the Road»

Madruga. Agarra num grupo de CD's e no volante. Quatro horas e três auto-estradas para aterrar em Lamego. Almoça que é aquilo que pode levar. No Tribunal a coisa resolve-se. O sol ajuda. Pé na estrada. Mais quatro horas. E três auto-estradas. Faz telefonemas para não ter sono. Chega a casa e deita-se no chão para arranjar as costas.

* 'Time Out of Mind', Bob Dylan

domingo, 14 de maio de 2017

sábado, 6 de maio de 2017

The Truth always floats on top

As lendas são assim. Paul Pierce retirou-se da NBA. Ao fim de quase 20 temporadas.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Aula Magna


José González canta como se a voz fossem as outras cordas das suas violas que não toca como violões mas como guitarras com o Mi Grave a marcar o compasso e fosse um contrabaixo e as 4 primeiras cordas os faróis do comboio de mercadorias que atravessa o silêncio quente da madrugada onde nós vamos pendurados e a Europa fosse a Argentina nos Estados Unidos.