terça-feira, 29 de setembro de 2015

Culto é isto.

Sabem quando resistimos a ir dormir ou não temos sono sequer, é uma da manhã, o comando é só zapping e ficamos a ver um filme que já vimos umas dez vezes ?
Domingo para segunda aconteceu outra vez.

Impossível não ficar pregado às proezas deste grande bando de artistas.



'Snatch, Porcos e Diamantes'

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

(Wild) Horses


Lisboa, 21 de Setembro de 2015. 21h35m. Nova Iorque continua à mesma distância de sempre. 5.400 kms em linha recta, por causa da latitude, e menos cinco horas de fuso. Cidades tão diferentes. Uma a desaguar de luz virgem, a outra explodindo na escuridão. Uma parece que só dia, a outra espreme noite e néons. E se uma nasce do rio, doce e antigo, a outra brota a raiva das ruas sujas, todos os dias travesti. Pedra da calçada vs alcatrão.
Continuam à mesma distância, mas é possível, em não mais que duas horas, sermos cuspidos para o 176 da Bowery, em NYC, onde morreu a velha CBGB, meca do punk dos anos 70.
E a culpa é desta velhota.
Patti Smith mantém intactas todas as qualidades que fizeram dela o pistão máximo da cena artística-rock. E 'tá-se a cagar.  «Jesus died for somebody's sins but not mine».
O Coliseu transborda. Sua de cheio, e o motivo não é para menos. Passam 40 anos sobre o 'Horses' e viemos à celebração. Está a rebentar e a energia sexual que dele pulsa podia talvez derrubar um governo. Mas isto já é sonhar alto.
Vemo-la de perto e Patti Smith escarra para todas as convenções que possa haver sobre o que uma mulher da idade dela é suposto estar a fazer. Como escarra no palco quando precisa de libertar a garganta para os versos de 'Gloria' ou 'Pissing in a River'. Toca o lado A, vira o disco, pega no braço e coloca a agulha para o lado B. 
A certa altura pede a companhia do anjo de Jim Morrison que quer libertar como os escravos do Michelangelo do mármore em bruto. Chama por Jimi Hendrix e por todos os que se foram antes do tempo, Janis Joplin, Brian Jones, Lou Reed, Fred Sonic Smith, o seu eterno Robert (Mapplethorpe), os Ramones, um a um, Kurt Cobain, Amy Winehouse, a quem oferece canções, como flores que lhes derrama para as campas, lindas e tristes. Do público, ouve-se um grito por William Burroughs.
Atira folhas com versos inteiros pelo ar, convocando sempre a poesia, a mãe de tudo o que faz. A casa de Pessoa. Os livros que ele lia. Os mesmos que nós. Oscar Wilde, William Blake, Whitman ou Rimbaud. Ginnsberg se não tivesse vindo depois. 

Esta mulher não desiste. Com o seu longo cabelo branco, continua sem dono e quer a mesma revolta para nós. Contra as empresas, governos e todos os exércitos do mundo.
"C'mon Motherfuckers !", 'People Have the Power' com o punho bem erguido e a força expulsa das suas entranhas. E essa parece a grande utopia. Olhem para os gregos.
Mas ao mesmo tempo, mamma, com um amor imenso por nós. Ternura nos braços, entre canções e carradas de cabedal.
De orgasmo em orgasmo, e quando o corpo já não pode mais, mete o som de velhos rebeldes nos microfones. Velvet Underground e The Who pingando em suor e no meio de muito fumo.
Para fechar a Performance esfolando a guitarra e rebentando, uma por uma, as cordas da sua Fender, a quem depois beija com gratidão a despedida, numa muralha de feed-back.
I am You. 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

The Goodfella



(com um mês de atraso e um sentido obrigado à box cá de casa que guardou o último Daily Show com o Jon Stewart este tempo todo. Serviço público.)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

U.S. King


Não é segredo nenhum. Aqui somos Djoko.
Porque o ténis é sofrimento. É muito trabalho. Porque a vida é trabalho e sofrimento. E pelo meio, rimos um pouco. E olhamos para as coisas belas.
Novak venceu mais um U.S. Open e o 10º grand slam da carreira. E com o Arthur Ashe todo contra ele. 
Sofreu, claro, para ganhar ao Senhor Federer. Mas that's life.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Buenos Aires - último dia

[desenho de Eduardo Salavisa, roubado daqui]


(…) Faltava, porém, fazer uma última coisa em Buenos Aires.


É o nosso último dia na cidade porteña. O sol está lindo, mas do rio de La Plata vem aquele fresco de início de Primavera. Como adoro. Sair logo de manhã e sentir esse friozinho que lava duas vezes.
Os minutos começam a fugir como areia numa ampulheta. Não queremos deixar Buenos Aires. Queremo-la para sempre. Como à mulher amada.
Apanhamos a calle de S. Martin e paramos numa sapataria onde compro um par de sapatos de camurça por 200 pesos que estavam na montra. De uma loja em frente a Cristina traz um par de jeans argentinos.

Faltava fazer uma última coisa em Buenos Aires. Há vários dias que pensava nisso. Quase desde o princípio da viagem. Mas só agora a adrenalina é que mandava. Agora quando o tempo escasseava.

Numa espécie de última prova de fogo, resolvo tomar o caminho mais longo que era possível para chegar ao sítio premeditado. É uma volta enorme pela cidade, das maiores. A maior pelo menos que iríamos dar em toda a viagem. Estamos na calle Florida e eu quero é ir para Rivadavia, onde mora o que vi num livro. De táxi teria feito sentido. Talvez demorássemos meia-hora. Nem tanto. As avenidas de B.A. têm mil números. São eternas. Mas talvez fosse o meu sub-consciente a pedir a última prova. De sangue.
É uma volta enorme, para lhe guardar o gosto. É sábado e as ruas estão cheias de gente.

A Cristina está farta de andar e começa a implorar um café. Digo-lhe que falta pouco, que é já na próxima esquina, que está quase. Tanta premeditação não podia morrer pelo caminho.
Com os pés já em dor, depois de quase três horas a andar, chegamos.

“Las Violetas”, lemos. Em Rivadavia.

A Cristina está furiosa comigo. Nem olha bem à volta. Diz-me para lhe pedir uma água gelada e vai à casa de banho. E eu fico na mesa. A ganhar coragem. Não há forma menos fatela de o dizer. Olha, que se foda ! Quando regressar, pergunto-lhe se casa comigo. Assim, como se a convidasse.
Recebi uma gargalhada monumental. É mesmo fatela pedir alguém em casamento. Mas já está e não se volta atrás. Ainda pensei que tinha feito merda. Que talvez me tivesse atirado do alto do Obelisco da 9 de Julho sem pára-quedas. Ou então era por não estar de joelhos, como nos filmes, ou por não ter anel, nem nada para lhe pôr no dedo, na orelha ou no pescoço. Mas não tinha, e não ia inventar ou comprar qualquer coisa a correr. A correr só o que tinha para lhe dizer e que já queimava na língua. Estava feito, estávamos num Café e havia gente perto, e ela não parava de rir. “Fazes-me andar meia cidade para me dizer isto ?” E eu com cara de parvo, provavelmente. Talvez para o ano, continuei. Não há pressa nenhuma. É só para pensarmos nisso. Deu-me um longo beijo, e, finalmente, disse o sim que eu já duvidava.
Apanhámos um táxi (era importante agora não abusar) para a Recoleta, onde almoçámos e fizemos pela última vez a Arenales. No “Richmond” o último café e adeus Buenos Aires !, cidade linda, perfumada por Gardel e Perón, trágica como Piazzolla e suja de tanto sonhar como Maradona, cheia de luz e da melhor gente que já encontrei, dos Cafés antigos e das livrarias com sabor ao antes.

Sou teu e tu és minha.

"I sing the songs that people need to hear"


"The ferocity of her voice documents a neglected child, a woman constantly entering into bad relationships and an artist raging against an industry and a society that had routinely discriminated against her."
'The Guardian'

A enorme Etta James se encontra no panteão da minha discografia pessoal. E de pleno direito.