segunda-feira, 18 de abril de 2011

A (Des)europa

Leio algures que 48% dos finlandeses (se calhar mais) estão contra a ajuda a Portugal. Que empurram mesmo para fora do Euro. A intermitente posição alemã também é conhecida. Os franceses não dizem nada. Esperam que sejam os outros a fazer o trabalho sujo. E não serão só estes.
Nada disto me espanta. No mundo actual, cada um (infelizmente) só sabe de si.
Não é pessimismo. É olhar para a realidade com perspectiva, através dos sinais que ela dá.
E os sinais são bastantes para perceber que a União Europeia está a caminho da desagregação. Porque também não vejo em nenhum dos líderes políticos europeus vontade alguma de verdadeiramente alterar este rumo de coisas.
A CEE (como a EFTA) foram criadas por razões essencialmente económicas, mas tinham um fito. De Jean Monnet, Willy Brandt e outros. Procurar através de um progresso económico mútuo chegar a uma união política. Para, através da união de dois dos principais países da Europa, fugir ao desastre de que duas guerras mundiais devastadoras tinham provado ser capazes.
E assim foi... sendo. Livre comércio, moeda única, fronteiras escancaradas, políticas comuns, mas políticas económicas. Depois, alargamento (sempre económico). Até que alguém lembrou que tudo só fazia sentido se chegássemos aos Estados Unidos da Europa. Chegou-se mesmo a falar de uma Constituição Europeia e de um Presidente. Mas tudo estacou aí, porque ai! da soberania.
A União Europeia é como a Liga dos Campeões, onde tudo se organiza para que os clubes mais poderosos cheguem sempre às finais. Claro que é preciso ter lá clubes da segunda divisão, porque também metem cá guito. E ninguém quer um campeonato só de 4 ou 5 clubes, mas o que tem é de se proteger a elite.
E como só se pensava na Europa económica, enquanto a economia dava... dava. Quando começou a deixar de dar e os Estados mais "chupados" a protestar problemas, business is business e então cada um trate de si. Ninguém quer naufragar em grupo.
O problema não está em Portugal (e outros, antes ou depois) poder vir a sair da UE. O problema que os principais líderes (?) europeus não vêem é ao que isto vai levar. Porque no dia em que o campeonato for só jogado a 4 não é campeonato. E fecha-se. Cada um fechando-se no seu egoísmo natural. E quando cada um voltar a viver só para si e a (Des)Europa for a realidade, está feito o caminho para as ditaduras e para o futuro bélico do passado.
Porque a História (não sou eu que o digo) é cíclica.

As estrelas também se extinguem.

1 comentário:

  1. Eles que venham vender Nokias!
    Meu caro, já vi melhor futuro nesta Europa que de solidária já tem muito pouco. A memória é turva e vai esquecendo todos os esforços de muitos que lutaram para deitar o muro abaixo, mas vá-se fazer o quê, a História é cíclica e a vontade não é muita! Grande abraço!

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