domingo, 15 de abril de 2018

o Novo Cinema Paraíso



Comecei a compreender e a apreciar, verdadeiramente, o cinema, com um filme sobre filmes. Um filme de amor aos filmes. O cinema como arte. De contar histórias com imagens em rotação. Numa película. Com o projector a iluminar a sala escura das nossas cabeças, e a magia de um que nos mostra como tudo (até aquilo que é triste) pode ser tão belo. Com a ternura dos pormenores e o cuidado do tricot que se desfaz atrás da mãe que abre a porta ao filho. A grande beleza das coisas simples e dos mistérios. A força de uma sequência (à chuva) e o poder de um plano (Elena). Da luz. Das sombras. Da imagem, do som, dos silêncios, de um gesto, de um beijo ou de um olhar. E a importância de uma cena ou da banda-sonora.
Ainda por cima europeu e falado em italiano. Que me obrigava a querer mais e beber mais da fonte inesgotável. Tudo, se fosse possível. E que podia partilhar com o meu pai.
Foi assim aos 12 anos quando fui a Giancaldo, provavelmente ao Mundial ou ao Ávila, onde passavam Alfredo e Totò em cartaz, e quando ir ao cinema era ir ao teatro. Com a mesma idade com que agora levámos a Matilde, na reposição para a festa do Cinema Italiano, e sentir um inesperado calor nos olhos.
"Adorei o filme, pai.", disse-me depois também o Rodrigo. Abracadabra.



Sem comentários:

Enviar um comentário

Are You talkin' to Me ?