quarta-feira, 6 de abril de 2011

A noite da varanda

A noite quer a varanda.
É uma noite como Julho. Já breu. As melhores de Lisboa.
A noite só chama varanda. Arrasto o corpo que dói. Do jogo de há bocado no campo relvado da Agronomia.
Perdemos a Taça. A final que foi final. E 1-0. E Zás ! Perdemos. Todos a mexerem, todos a correrem. Todos no jogo. Tudo por tudo. Até ao fim. Equipa assim... Sem mais suor que deite por fora. E não marquei, puto, mas trancar os dentes e lutar por todas as bolas que deslizam à nossa frente e dizemos esta é minha, Ai é minha ! Que lá chego e estico-me todo. E quase perdemos o ar, e esquecemos os ligamentos do joelho que já foram, o menisco que não há, e a bola de ténis que tivemos há uns meses na perna. Que um cão mordia.
Mas estico tudo, ou salto e vai de cabeça. Que é final. Mas antes um encosto ao central para o tirar do lance. E o árbitro não vê. E trago o calcanhar no gelo. Do pau que ainda levei. Que o árbitro é cego. Apita o apito prolongado e é o fim. Mas demos tudo e assim está bem.

A noite só quer a varanda e eu faço-lhe a vontade que cá mereço. E bebo qualquer coisa que atiro para o copo. E afinal é mas é uma fome do caraças.
A rua cala. Cala que morre. Só um vento suão. Quase de incêndio. Quase Zé Régio.
Fome do caraças.


1 comentário:

  1. Essas noites são magnificas... e calmíssimas!
    Ahhh... e as melhoras para as mazelas!

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