(…)
Certa tarde, a caminho do meu escritório no La Repubblica, vi um miúdo a arrombar a porta de um carro no parque da estação Termini. Dois carabinieri aproximaram-se por detrás, agarraram-no pelos braços e algemaram-lhe as mãos atrás das costas. Nada de especial, uma simples cena quotidiana. Mas eu sou daquelas pessoas que, só para não irem trabalhar, estão dispostas a entreter-se com qualquer coisa, e fiquei a ver.
Um dos agentes foi-se embora e o outro ficou com o detido e encaminhou-se para a esquadra da estação. Lá iam eles, quando tocou um telemóvel, o do carabinieri. Levou-o ao ouvido e disse "ah, sí, mamma", ao mesmo tempo que dirigia um gesto de desculpa ao ladrão de carros. O miúdo assentiu, compreensivo, e ficou à espera, olhando ora para o céu ora para os sapatos, enquanto o carabinieri ouvia da mãe o que, a julgar pela cara dele, deduzi ser um reprimenda.
A fim de uns minutos, desligou e pediu desculpa ao detido:
- Scusami, lo sai come sonno le mamme…
- Lo so, lo so, signor carabinieri, per carità… - respondeu o preso, com um gesto de compreensão infinita.»
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