«De novo, aconteceu de novo. Caído e de pé, tudo ao mesmo tempo. É uma cena poética, eu e os foliões: piratas, bacos e vampiras. Gostei. Que alívio, meu Deus, que leveza, que brilho, que sol lindo nascendo na Guanabara. É o que eu sempre procurei, esse não se importar com o que me cerca, não sofrer, não sentir. Como é bom, meu Deus.
Acredito no castigo. Que é um jeito de crer em Deus. Torto, mas é. Venho de uma linhagem antiga e perversa, de dráculas, crápulas e afins. O paraíso não me serve de nada, prefiro a companhia dos que praticaram violência contra o próximo, contra si próprios, contra Deus, contra a arte e contra a natureza. Os meus. A divina morte é o meu império. É o que eu busquei a vida inteira. Consegui. Mas por que, agora, no delírio dos meus últimos momentos, sou tomado por devaneios de danação? Masoquismo. Talvez. Quem diria que você, Sílvio, se revelaria um cristão arraigado? Não existe perdão.»
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