foto: Tiago |
Não participei nas JMJ, mas vivi.
Quando assisti à transmissão da aterragem de Francisco em Figo Maduro. Quando, depois, o vi a percorrer as nossas estradas e ruas com escolta e guarda pessoal até chegar à Luís Bívar, e reconheci todos os caminhos que fazemos todos os dias e não vemos. E sempre que o levavam a todo o lado e ao mesmo tempo. Este homem que veio do "fim do mundo" com urgência em passar a mensagem e chegar a todos. E a todos mesmo.
Também vivi quando ao sair de casa de manhã para trabalhar se me atravessavam as multidões que desciam em festa rumo a Belém. Ou quando as acompanhava da janela do meu escritório numa imparável escalada da AAA até ao Parque. Tanta tanta tanta gente que veio de toda a parte para se apresentar a Lisboa e se abrir aos de cá. Com vontade e com bandeiras e cantis na mão, cantando e gritando e fazendo-se ouvir. Com as cores todas que há no mundo.
Em Lisboa não se caminha e, por isso, foram estes peregrinos que fizeram os nossos passos todos que aqui temos por fazer. Por nós e em nossa vez. E não houve praça, ruela ou travessa que ficasse excluída. Tanta gente. Passava na minha mota e era isso. Gente a caminhar. Impressionou-me muito. As cores e a gente. Gente feliz sem lágrimas.
Festejamos. Festejamos, como diz o Pai, "para aguentar os momentos de sono e desilusão".
E vivi também quando cortaram o trânsito onde eu seguia para a Praça de Espanha. Julguei que se as televisões mostravam o Papa nos microfones da Católica teria tempo de chegar ao trabalho sem complicações ou desvios. Mas ao passar pela Pimenteira o polícia interrompeu a minha vida. A seguir às motas dos batedores da PSP lá vinha o Subaru branco com a pequena bandeira do Vaticano e o Papa à janela. Uma espécie de omnipresença que não pode ser só acaso. É certo que não recebi bênção nenhuma, mas qualquer coisa ficou. O momento. Um propósito. A força de um ter que ser. Um tinha que ser.
E vivi quando fomos recebendo a aventura corajosa da mana e das miúdas, quinta, sexta e sábado, no centro da cidade e depois no Oriente. Incrivelmente perto, extraordinariamente juntos.
E agora ? Agora voltou tudo à habitual normalidade. Olho para a janela e vejo carros e autocarros. E trotinetes, claro. E parece que falta alguma coisa. É que agora, quando o pó assentar, é que vamos ver se estes dias se vão como a cinza que também caiu. Ou se fazem adubo. Porque só assim "o ar fresco de fraternidade e alegria fará sentido". Palavra da Mãe.
foto: Mariana |
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