sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Javi Garcia: um miúdo da Cantera




Não sei bem o que te diga, Javi.
Não sei mesmo se é preciso.
Escuto que "jogavas sempre com a faca nos dentes" que eras "odiado pelos nossos rivais, e isso diz tudo", que "sorriste para a bancada como um adepto do Benfica" quando enfiaste aquela marrada no jogo contra o Sporting e nos deu a vitória.

Não sei se é preciso, e não é. Porque à família não se diz tudo. Basta olhar. Às vezes um beijo e chega. Ou encostar o ombro e não se fala mais nisso.

Tu, cabrão !, tu estavas lá bem no meio de nós. Tu sabes. Um de nós. Aquele que tinha tido a sorte de vestir todos os domingos a camisola do Benfica. O único que conseguia pisar o relvado quando aos outros não deixavam.
O único (como nós) que não desistia nunca. Só assim se compreende aquela monumental cabeçada que enfiaste aos 85 minutos quando perdíamos em Londres os quartos da Champions. Se alguém podia marcar esse golaço, eras tu. E no meio de cinco adversários !
Foi fé, querer tanto como nós. E o instrumento físico do teu corpo, a defender-nos com tais ganas.
Tu eras nosso. Aquele amigo, enfim, ou irmão raçudo, que conseguiu chegar onde queríamos todos quando éramos mais putos e nos rasgávamos no Bairro, e até parece que já sou do City.

Claro que gostávamos que envelhecesses connosco, mas acho que agora já não estou triste.
Porque embora a saudade fale, foi melhor talvez assim. Acontece a quem se quer bem.
O melhor às vezes é que se vão, porque aqui só somos crise. Azul e branca. E porque, mesmo que te déssemos tudo, aqui já só podias sonhar em ser feliz.

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