(foto Reuters)
E de repente fez-se luz.
Saímos das trevas do pântano em que vivíamos. Tudo volta a ter sentido outra vez.
À mesa dos restaurantes, voltam as grandes discussões. À mesa de casa dos pais. Nos casamentos. À mesa. Aquelas discussões que assistíamos em casa dos Avós nos jantares de sábado sem perceber a conversa dos adultos.
Nas papelarias, nas paragens de autocarro, nos cafés e esplanadas, no metro, numa livraria, por e-mail com os velhos amigos, a caminho do Estádio da Luz. Onde quer que encontremos pessoas. Falamos com elas.
Está tudo vivo, outra vez. E respira, finalmente !
Finalmente.
É este o exemplo que quero para os meus filhos. A vida existe e discute-se.
Fazem-se manifestações, reuniões, ajuntamentos, há polícia e os petardos já se ouvem, as pessoas pensam, porque as pessoas não aguentam tudo e têm de o pôr cá fora.
Esta crise é a oportunidade que pedíamos, e permitiu que pudéssemos sair do Centrão que era o zero. Hoje volta a fazer sentido a velha discussão direita e esquerda. Podemos pôr os nomes que quisermos. Tu és liberal, e tu comuna; sou mas é socialista. Verdadeiro. Mas voltamos à velha discussão.
Não é dos partidos.
É outra coisa. É real.
Finalmente saímos do marasmo. Há outra vez barricadas. Nós, eles e vocês.
Esquerda e direita volta a fazer sentido.
Já não se fala das novelas ou da bola. Finalmente, volta o Mundo. O mundo dos princípios, dos valores, das ideias, sim. Que a todos preocupa.
Faz sentido, porque começou a hora de tomar as grandes decisões.
Estamos a falar do nosso “Fight Club”. É este o "Fight Club" porque tanto ansiava. Já começou.
E, afinal, ainda pode haver uma revolução nos nossos dias.
Todos agora temos de pensar se aceitamos que o défice seja limpo com mais impostos, que atacam os rendimentos do trabalho, que a criatividade dos políticos no poder não avance para a despesa. Que continuem a poupar as mais-valias dos investimentos ganhos na Bolsa.
Como é evidente, ainda não estamos preparados para mudar de governo, embora a rataria tenha começado e já tudo o encaminhe.
Seguro não é solução. Faz parte da mesma geração “Morangos” do Pedro.
Daí que seja fundamental aderirem ao MPT (Movimento Pró Tarte). As inscrições fazem-se no post abaixo e estão abertas.
Só quando formos capazes de mostrar à Geração “Morangos” que podem ter uma tarte à espera deles em cada esquina é que podemos correr com eles.
E fazer com que a boa moeda expulse a má.
É que esta malta dos “Morangos” tem o horror a sujar o fato. É Hugo Boss e não querem.
Eu não quero suicídios, ou que as pessoas, como dizia o Vitor Malheiros, morram aos poucos.
Esta não é a hora de sair de cá. É a hora de regressar.
E pegar numa tarte.
O dia é lindo e estamos vivos outra vez.
O país é belo e vale a pena lutar por ele.
André,
ResponderEliminarEstou de acordo com quase tudo, como sabes.
Mas convenhamos que uma manifestação que tem por lema "Que se lixem os gajos que emprestaram dinheiro para nos pagarem os nossos salários, as nossas pensões, os nossos subsídios" não é um grande começo.
Bem sei que a malta se aproveitou de uma manif anti-troika já organizada anteriormente para protestar contra o governo. Mas convém separar as coisas!
Abraço,
Koba
André,
ResponderEliminarMuito obrigado por este belíssimo post!
Conseguiste exprimir de forma pungente o sentimento mais relevante que retiro desta crise - estamos vivos. Renascemos!
Ou podemos renascer, enquanto sociedade... a escolha será de cada um - nesse sentido concordo profundamente com a "oportunidade" a que te referes.
Farto de tantos lugares comuns e discursos sem sentido sobre a dita "crise", confesso que não tinha ainda conseguido materializar este sentimento de que falas de forma tão clara e reveladora. Mais uma vez, muito obrigado.
Abraço,
TQ