sábado, 16 de novembro de 2013

Grand Slam





Voltariam a encontrar-se. Agora no 1º round do Torneio dos 111 anos do CIF. Difícil haver melhor local, mas quanto custa uma final antecipada...
Quando um dia se escreverem as crónicas das grandes batalhas do ténis amador lisboeta, dois nomes vão sobressair.
Quando a distância e o tempo permitir que se falem das grandes rivalidades da primeira metade do século XXI, Junqueiro, Iceman JunKas, e andré (aka Rasputine), vão preencher os anais.
Quando já for a lenda a contar o que foi aquela partida, as novas gerações vão aprender duas coisas: que Junkas é capaz de recuperar o fôlego umas 500 vezes de pura frieza mental, e que Raspa tem a garra de um cão.
Meus senhores, o que se viu hoje no nº 6 do CIF, não foi um jogo, foi uma luta épica pela sobrevivência. Como é sempre que jogam.
Para a multidão que assistia nem faltou o tira-teimas do terceiro set, e mesmo durando há duas horas e quase meia, e as famílias já cobrassem e o ucraniano que arruma o court só olhasse para o relógio, ninguém arredaria o pé.
Reparem que quando no primeiro set, se alternavam os pontos ganhos, ora Raspa, ora Junkas, ninguém podia adivinhar o vencedor, mesmo com o match-point em 5-4, a favor de Raspa mas este fosse, afinal, o canto do cisne.
Do outro lado, o muro imperturbável de Junkas, senhor de uma capacidade atlética invulgar construída no rugby federado (vê-se bem o carácter que um Benfica molda num homem), não se deixou melindrar e, com o rasgo dos predestinados, empatou a partida nos 5-5, levando o jogo para a incerteza dos penalties onde cada erro é fatal. E foi aí, na tranquilidade de um cruzeiro que já cavalgou as ondas de 20 metros, que acabou por vencer o primeiro set num esclarecido 5-7 a um Raspa pronto para arrancar o próprio escalpe.
Reviravolta conseguida.
Mas Raspa não podia deixar mal quem aposta em puro sangue.
Briguento e aquecido pelo motor todo em explosão, atacou, atacou e atacou. Foi buscar o serviço e começaram a brotar ases. Quando já tirava smash-slams como se fossem cafés parecia o Pete Sampras. Claro que a barragem que estava do outro lado não deixava de devolver, e continuava a bater ora fundo, ora curto, ora longo, ora rede. Junkas sem baquear. Um poço de gelo, sempre em economia de esforço, a fazer saltar um Raspa que já era um galgo numa corrida de Inglaterra.
Os números do segundo set só reflectem as ganas de um homem despeitado. Depois de um rápido 4-0 inicial, Junkas ainda reduz para 4-1, mas Raspa não podia cair outra vez no canto da sereia e arrancou, em puro braço de ferro, o 5-1. Números enganadores porque Junkas não dá abébias. No way. Daí a rivalidade actual. E o último jogo ainda chegou aos 40-40.
Vantagem para um, vantagem nula, vantagem para outro, vantagem nula. Ninguém a desfazer. Ninguém a declarar derrota. Ninguém a erguer a bandeira branca.
Depois de uma demorada troca de bolas (se alguém as tivesse contado, saberia que foram 24), eis uma que decide morrer no lado mais gelado do court, fechando o 6-1 do segundo para Raspa. Empate e tudo remetido para a negra.
Há dias em que ninguém merece vencer, mas é um torneio e vamos para o terceiro set.
Começa melhor Raspa, ainda embalado, apontando um 3-1.
Junkas recupera e empata a 3-3, altura em que Raspa duvida de si e pergunta para quando ver-se livre disto. A resposta chega com jogo para Raspa, e 4-3. Junkas repete a graça do primeiro set e 4-4.
Raspa mergulha no poço da suas forças à procura de uma luz e consegue chegar ao 5-4.
Mais uma vez, na frieza de quem até pode perder, mas só por cima do seu cadáver, Junkas atira tudo para um 40-15 à maior, a que Raspa devolve ao empate 40-40 porque não se podia repetir o passado. E então, numa absoluta troca de vantagens, acaba Raspa por levar Junkas de vencido. Fim. 6-4.
Cumprimentos apresentados, com o amargo de não poderem disputar o troféu na final.
corpo regressou quebrado de mais um mano-a-mano, chegou a pensar que ainda lhe dava ali alguma coisa, mas há dias assim, em que só um pode vencer.

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