Às vezes é preciso lembrar que à beira do século XXI houve uma guerra em plena Europa que quase acabou com um povo e uma nação. Uma guerra onde morreram centenas de milhar de pessoas. Civis. Pessoas como nós. Crianças, muitas, alvos predilectos dos snipers genocidas que ganhavam por cabeça.
"Faz de Sarajevo" descreve a história de Ervin Rustemagić e da sua família durante o cerco que, entre 92 e 96, as tropas militares e para-militares sérvias de Milosevic, o carniceiro dos Balcãs, fizeram à cidade. Limpeza étnica.
Isolado e sem quase poder sair à rua, Ervin (amigo do autor Joe Kubert) dispunha apenas de um fax para contactar com o exterior e relatar as atrocidades que todos os dias eram cometidas naquele pedaço de Bósnia, por entre o rebentamento de obuses, tiros e granadas, e enquanto o resto do mundo assistia pela televisão a mais uma tentativa de extermínio.
Três anos depois da guerra estive em Sarajevo. Já aqui contei. De como encontrámos a cidade. Semi-destruída. De olharmos para o edifício do Parlamento estilhaçado e rebentado pelos morteiros. E do "Holiday Inn", onde Ervin, a mulher e os filhos acabaram por conseguir se refugiar, quando perderam a casa. De como tropeçávamos em parques convertidos em cemitérios. E da estação de comboios, deserta e a abandonada.
Às vezes é preciso lembrar que à beirinha do século XXI houve uma guerra em plena Europa.
"Is there a time for human rights ?"
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