quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

"Boa noite", de Pedro Paixão

"Não era preciso falar. Com ela, sim, com ela que era tão bela que a sua beleza enchia a casa toda sem mais nada precisar, talvez não fosse preciso falar. Bastaria olharmo-nos o tempo que fosse preciso para nos vermos e depois ter fechado os olhos e adormecido. E podíamos ter passeado pelo paredão onde batem as ondas do mar, sim, mesmo de mão dada se assim quiséssemos. E podíamos ficar parados a olhar cada um para o seu lado e sentir que o outro estava ali ao lado, igual a ti, calado, a olhar o mar a bater na praia, sim, isso seria muito belo. E podíamos mesmo ter-nos beijado sem dizer uma única palavra porque todas estão a mais e um beijo vale mais do que todas as palavras. Sim, não devia haver palavras para desperdiçar assim quando chega alguém que não se espera e nos encanta só por ser tão bela sem querer e não há nada a fazer senão deitarmo-nos no chão e adormecer sem querer acordar, com medo de nos perdermos ou de deixar de sonhar ou de acreditar."

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