John Lennon morreu.
Como sempre acontece a alguém com destaque a quem é roubada a vida, têm surgido uma data de artigos em jornais e revistas que perguntam como teria sido o mundo com Lennon dentro dele nestes últimos 30 anos. Alguns até ficcionam entrevistas imaginárias a um Lennon de 70 anos. Chamam-lhe exercício académico controlado ou história virtual. Entretêm-se nesse exercício especulativo ridículo que conduz a lado nenhum.
Lennon morreu. Com cinco tiros à queima-roupa. Mas deixou música. E uma vocação contestatária. Fez os Beatles. E essa é uma grande obra. Ajudou à revolução. Revolveu o vinil e deu-lhe umas tripas novas. Enamorou-se e depois acabou com eles.
Levantou o punho e pegou na música - que nunca mais foi a mesma sem McCartney, apesar do "Imagine" - para protestar. No sítio certo. Talvez num dos mais difíceis. Com a CIA em cima. Nos Estados Unidos. Mas no único possível. Em Nova Iorque. Onde, a poucas horas de ser executado por um fanático que lhe tinha pedido um autógrafo de manhã, foi retratado. Pela última vez na vida. Por Annie Leibovitz.
Uma ou duas semanas a seguir, Lennon estava outra vez escancarado nos escaparates das papelarias. A protestar amor ou lá o que era. E quem quisesse que percebesse.
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