quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

The Old Librairie

Tinha vivido em Paris.
Ninguém disse quanto tempo é viver numa cidade. Quanto tempo temos de viver para dizer viver.
Tinha vivido nas ruas e cafés, e voltado sempre à livraria que era de toda a gente. Que era de tanta gente, que até tinha vindo no filme da Julie.
Mas lá por isso não quer dizer que não pudesse ser dono dela. Ao menos em sonhos ou quando lá voltava. Porque a descobriu porque passava por ali. Sem ninguém lhe ter soprado nada, e então era dele. Porque a conheceu antes do filme, e fora do filme conhecemos melhor. Quando era gourmet. Porque não foi turismo. 
Depois do filme é quase fácil, mas quem não gosta de livros nunca podia gostar dela. E não tem salvação.
Quem não procura um refúgio, não pode esconder-se nas suas dobras e esquinas, nas páginas, e no cubículo do andar de cima, onde repousa um candeeiro e uma velha máquina de escrever - Révolution Poétique - deixada para alguém começar o seu romance. E ao lado um colchão onde no fim se pode encostar só um bocado, e depois dormir.
Era bom ela estar lá e ele cá. Assim podia sempre regressar ao recato tranquilo das linhas dela. E gostar disso para sempre.
Viver era sugar.


Shakespeare & Co.

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