quarta-feira, 29 de junho de 2016

O elogio à Europa nos pés dos portugueses


(foto: Gerardo Santos)

«Não tenho outro modo de dizê-lo: aquele jogo - e aquele golo em particular - encheu-me de esperança. A equipa suportava-se em boa parte sobre um triângulo de luso-franceses, filhos de emigrantes. Entretanto, defendia.
A dado instante, um rapaz da Beira Litoral salvou in extremis uma cabeçada para o poste. Então, um homem de 32 anos que se estreava entre os maiores naquele mesmo dia lançou num ilhéu da Madeira. Num ápice, este colocou num negro de origem são-tomense, que deu num mestiço vindo de Cabo Verde, que voltou a colocar no ilhéu, que permitiu a um cigano a recarga vitoriosa.
Era Portugal todo num só lance - toda a nossa força, toda a diversidade sobre que nos construímos, toda a nossa História. E não foi apenas o primeiro triunfo no Europeu: foi a primeira vez que a declaração de intenções do comandante pareceu ter a mínima razão de ser.

(...)
"Futebol nojento", diziam os tais franceses? Nem precisam de pedir desculpa: se calhar é nojento mesmo, com tudo o que isso tem de redentor. (...)»

"Nojentos, com muito gosto", por Joel Neto
in 'Diário de Notícias', 28.06.2016

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