sábado, 3 de junho de 2017

O ano 50 da Revolução

Leio que o Sgt. Pepper's faz 50 anos. Já sabia. Está tudo a celebrar.
E se é feita agora uma reedição do disco com remix, novas faixas e memorabilia a saltitar, também eu recupero o que escrevi aqui há sete anos sobre o melhor álbum rock da história.
Porque é tão profunda a pegada que me calcou e tão forte a memória que dele tenho, que quando lhe pego, ou oiço, ou vejo, regresso sempre à mesma história.

*

O "Seargent Pepper's Lonely Hearts Club Band" é um marco na história da música pop do século XX. Colocado pela Rolling Stone no topo dos 500 melhores álbuns de todos os tempos.
Mas não é preciso trazer para aqui todas as razões que fazem dele uma obra-prima essencial em qualquer discografia que se preze.
É um álbum fundamental. Para mim que comecei a escutá-lo aos 10 anos, quando o descobri lá em casa no meio dos outros vinis dos meus pais.
Lembro-me que tinha 10 anos porque sempre fui um tipo dado a paixões. E lembro-me de me ter apaixonado por uma miúda chamada Rita.
A Rita andava no 1º ano como eu, mas noutra turma. E um dia, alguém me veio dizer que ela gostava de mim. Fiquei apalermado, porque eu também gostava dela.
Rapidamente, um dos meus amigos fez chegar a notícia ao outro lado e marcou-se um encontro. Na altura não percebi muito bem porque é que tinha que ser assim, mas, ao que parece, íamos conhecer-nos. No recreio, à hora marcada, apareci eu e ela. Uma amiga dela e um amigo meu. Pareciam padrinhos. Ridículo.
Ficámos a olhar um para o outro, com cara de parvos, tenho a certeza, e os nossos amigos a quererem que nos beijássemos ali, à frente deles. Era um espectáculo. Apresentaram-nos e ficaram à espera. 
Não mexi um músculo. Nem sei se disse mais do que o meu nome. Talvez um olá. Tocou a campainha para as aulas e pisguei-me. 
Mas dali para a frente, sempre que a via, dava-lhe um toque na saia, ou na mão, ou soprava-lhe qualquer coisa por cima do ombro. Até que um dia, vendo-a sozinha a passar com os cadernos debaixo do braço, chamei-a para trás dos pavilhões e, sem lhe dizer mais nada, dei-lhe um beijo. Estava apaixonado.
Agora é que entra o "Sgt. Pepper's". Sempre que pensava nela, ia pôr o disco a tocar. No lado B, faixa 3: Lovely Rita
Não sei o que aconteceu à Rita, mas quando deixei de pensar nela, continuei a estudar o melhor álbum rock de sempre. Até descobrir a última faixa do disco. Uma canção dividida em duas partes e composta com dois bocados, um do John Lennon e outro do Paul McCartney.
Just "A Day in the Life".


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