You contain multitudes. A lot of people like you, and with good reason. The White Album contains some works of true musical genius, and you are a human with some amazing qualities. But both the album and you vary so widely that it’s nearly impossible to categorize you.
You can be silly, repetitive, ambitious, lively, arid, or fractured all at once. Some people might wish you could pick one thing and stick to it, but you can’t help but be true to yourself, in all your chaotic, full glory.
Leio que o Sgt. Pepper's faz 50 anos. Já sabia. Está tudo a celebrar. E se é feita agora uma reedição do disco com remix, novas faixas e memorabilia a saltitar, também eu recupero o que escrevi aqui há sete anos sobre o melhor álbum rock da história. Porque é tão profunda a pegada que me calcou e tão forte a memória que dele tenho, que quando lhe pego, ou oiço, ou vejo, regresso sempre à mesma história.
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O "Seargent Pepper's Lonely Hearts Club Band" é um marco na história da música pop do século XX. Colocado pela Rolling Stone no topo dos 500 melhores álbuns de todos os tempos.
Mas não é preciso trazer para aqui todas as razões que fazem dele uma obra-prima essencial em qualquer discografia que se preze.
É um álbum fundamental. Para mim que comecei a escutá-lo aos 10 anos, quando o descobri lá em casa no meio dos outros vinis dos meus pais.
Lembro-me que tinha 10 anos porque sempre fui um tipo dado a paixões. E lembro-me de me ter apaixonado por uma miúda chamada Rita.
A Rita andava no 1º ano como eu, mas noutra turma. E um dia, alguém me veio dizer que ela gostava de mim. Fiquei apalermado, porque eu também gostava dela.
Rapidamente, um dos meus amigos fez chegar a notícia ao outro lado e marcou-se um encontro. Na altura não percebi muito bem porque é que tinha que ser assim, mas, ao que parece, íamos conhecer-nos. No recreio, à hora marcada, apareci eu e ela. Uma amiga dela e um amigo meu. Pareciam padrinhos. Ridículo.
Ficámos a olhar um para o outro, com cara de parvos, tenho a certeza, e os nossos amigos a quererem que nos beijássemos ali, à frente deles. Era um espectáculo. Apresentaram-nos e ficaram à espera. Não mexi um músculo. Nem sei se disse mais do que o meu nome. Talvez um olá. Tocou a campainha para as aulas e pisguei-me. Mas dali para a frente, sempre que a via, dava-lhe um toque na saia, ou na mão, ou soprava-lhe qualquer coisa por cima do ombro. Até que um dia, vendo-a sozinha a passar com os cadernos debaixo do braço, chamei-a para trás dos pavilhões e, sem lhe dizer mais nada, dei-lhe um beijo. Estava apaixonado.
Agora é que entra o "Sgt. Pepper's". Sempre que pensava nela, ia pôr o disco a tocar. No lado B, faixa 3: Lovely Rita. Não sei o que aconteceu à Rita, mas quando deixei de pensar nela, continuei a estudar o melhor álbum rock de sempre. Até descobrir a última faixa do disco. Uma canção dividida em duas partes e composta com dois bocados, um do John Lennon e outro do Paul McCartney. Just "A Day in the Life".
É hoje notícia por todo o mundo a possível reunião dos filhos dos Beatles para a fundação de um grupo, anunciou James McCartney à BBC.
Como não acredito muito em revivalismos familiares no mundo da música, acho que no mínimo é de ficar céptico. Sobretudo porque sabemos como a história acabou. Só não sabemos quem é que vai ser a Yoko deste filme.
Depois de Dylan e dos Stones, o novo Scorsese vem com o nome de George Harrison impresso na capa, o tímido beatle cheio de música que enche o documentário e queria ser o que pudesse ser. O DVD sai em Outubro.
Uma canção linda. Feita com som e letras perfeitas. Gigante dos solos, Clapton junta-se em '71 a George Harrison no seu concerto para o Bangladesh. Completamente afundado em heroína, embora há três dias não lhe toque, sem dormir e enfiado na pior ressaca da sua vida, Clapton falta a todos os ensaios mas acaba por aparecer em palco. Faz a guitarra chorar. Porque ele não consegue. A um tipo assim perdoa-se tudo. Minutos 1.46. e 3.12.
Como sempre acontece a alguém com destaque a quem é roubada a vida, têm surgido uma data de artigos em jornais e revistas que perguntam como teria sido o mundo com Lennon dentro dele nestes últimos 30 anos. Alguns até ficcionam entrevistas imaginárias a um Lennon de 70 anos. Chamam-lhe exercício académico controlado ou história virtual. Entretêm-se nesse exercício especulativo ridículo que conduz a lado nenhum.
Lennon morreu. Com cinco tiros à queima-roupa. Mas deixou música. E uma vocação contestatária. Fez os Beatles. E essa é uma grande obra. Ajudou à revolução. Revolveu o vinil e deu-lhe umas tripas novas. Enamorou-se e depois acabou com eles.
Levantou o punho e pegou na música - que nunca mais foi a mesma sem McCartney, apesar do "Imagine" - para protestar. No sítio certo. Talvez num dos mais difíceis. Com a CIA em cima. Nos Estados Unidos. Mas no único possível. Em Nova Iorque. Onde, a poucas horas de ser executado por um fanático que lhe tinha pedido um autógrafo de manhã, foi retratado. Pela última vez na vida. Por Annie Leibovitz.
Uma ou duas semanas a seguir, Lennon estava outra vez escancarado nos escaparates das papelarias. A protestar amor ou lá o que era. E quem quisesse que percebesse.