(...)
Em 1982, o ano em que lançámos o nosso primeiro álbum, Confusion is Sex, o Dan andava a fazer pesquisas sobre os Shakers. Esta religião de culto, surgida com o nascimento dos primeiros escapistas americanos obcecados com a liberdade religiosa, fascinava o Dan, especialmente a prática dos membros femininos de dançarem até atingirem uma espécie de histeria frenética, quase orgástica. (...) O Dan perguntava-se o que haveria de comum entre o rock and roll e a seita Shaker. Para si, ambas eram variações de reverência extática. O Shakerismo, escreveu ele, provinha do mesmo sítio que o primeiro hardcore americano, com os rapazes do público de cabeça rapada nos concertos de punk rock, fazendo lembrar as cabeças de uma qualquer tribo monástica exótica. O Dan, assim como o Thurston, estava fascinado com a Patti Smith, com a intensidade e feitiçaria que envolvia as suas atuações. O Dan acabou por realizar um documentário artístico chamado Rock My Religion, que incluía um clipe ao vivo dos Sonic Youth a tocarem Shaking Hell.
A letra – "She's finally discovered she's a... He told her so..." – ligava-se à ideia da mulher como uma criação vinda de filmes e publicidade. (...) A um nível mais pessoal, Shaking Hell é um espelho da minha luta com a minha
própria identidade e com a raiva que sentia contra a pessoa que era.
Qualquer mulher sabe ao que me refiro quando digo que as raparigas crescem com um desejo de agradar, de ceder o seu poder aos outros. Ao mesmo tempo, toda a gente conhece o modo agressivo e manipulativo como, por vezes, os homens exercem o seu poder no mundo, e o modo como, através do uso da expressão "com poder", referindo-se às mulheres, os homens estão simplesmente a manter o seu próprio poder e controlo. Anos depois de ter saído de Los Angeles ainda ouvia a voz do meu irmão, a sussurrar-me Vou contar a todos os teus amigos que estiveste a chorar.»
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