«Imaginem quem começa agora a ver cinema e é apresentado a Woody Allen como molestador: nunca será apresentado a Woody Allen. Boa altura para lhe mostrar os filmes, e explicar duas ou três coisas sobre Hollywood. Sobre as pessoas, em geral.
1. Como incontáveis milhões de pessoas, cresci com Woody Allen. Não há nenhum cineasta, vivo ou morto, de quem tenha visto tantos filmes. E ouvi bandas sonoras, li peças, contos. Woody Allen é, em si, um cinema, uma cidade, uma escrita, um humor. Não sei se existe mais algum judeu nova-iorquino como ele, aliás, de certeza que não, mas todos os judeus nova-iorquinos receberam esse presente genial de passarem a ser ele, tal como o mundo tem muito mais graça por causa dele.
Isto dito, não é por isto que acredito em Woody Allen. É porque os factos que conheço, as investigações e peripécias desta tragédia greco-americana que é a acusação de abuso sexual contra ele, tudo isso ponderado me faz acreditar em Woody Allen, e não acreditar em Mia Farrow.
Acreditar/não acreditar são convicções, falo por mim, por isso o título está na primeira pessoa, e não é “Woody Allen está inocente”. Não posso afirmar que Woody Allen esteja inocente, claro, é possível que não. Mas a minha convicção é a oposta. Não apesar dos factos, como a convicção de outras figuras deste caso. Mas, repito, por causa dos factos.
Quando comecei a ler os relatos do caso para esta crónica não sabia onde iria dar. Não decidi escrevê-la para defender Woody Allen, mas para perceber o que se pudesse perceber com algum tempo de pesquisa online. Não tinha ideia do que concluiria, muito menos de qual seria o título. O que sabia à partida era o que ao longo dos anos fui retendo, sempre que o alegado abuso voltava às notícias, e do que fui retendo havia algo destrambelhado em Mia Farrow. Talvez a diferença entre um neurótico inofensivo (Allen) e alguém eventualmente perigoso (Farrow). Mas eu estava longe de ter a dimensão épica, grega da coisa. E agora, aqui chegada, qualquer outro título seria um rodeio. (...)»
Acreditar/não acreditar são convicções, falo por mim, por isso o título está na primeira pessoa, e não é “Woody Allen está inocente”. Não posso afirmar que Woody Allen esteja inocente, claro, é possível que não. Mas a minha convicção é a oposta. Não apesar dos factos, como a convicção de outras figuras deste caso. Mas, repito, por causa dos factos.
Quando comecei a ler os relatos do caso para esta crónica não sabia onde iria dar. Não decidi escrevê-la para defender Woody Allen, mas para perceber o que se pudesse perceber com algum tempo de pesquisa online. Não tinha ideia do que concluiria, muito menos de qual seria o título. O que sabia à partida era o que ao longo dos anos fui retendo, sempre que o alegado abuso voltava às notícias, e do que fui retendo havia algo destrambelhado em Mia Farrow. Talvez a diferença entre um neurótico inofensivo (Allen) e alguém eventualmente perigoso (Farrow). Mas eu estava longe de ter a dimensão épica, grega da coisa. E agora, aqui chegada, qualquer outro título seria um rodeio. (...)»
Continuar a ler
Sem comentários:
Enviar um comentário
Are You talkin' to Me ?